“É uma vingança contra quem combateu a corrupção”, diz Deltan Dallagnol sobre cassação ao ‘Sabatina’

Entrevista com o deputado federal cuja candidatura acaba de ser cassada pelo TSE vai ao ar às 20h desta segunda-feira, no canal da Brasil Paralelo no YouTube, e também na plataforma para assinantes

Deltan Dallagnol, deputado federal (Podemos/PR) eleito por aproximadamente 350 mil paranaenses e que teve o registro da sua candidatura cassado em decisão unânime do TSE no último 16 de maio, é o entrevistado desta semana do programa “Sabatina”.

No episódio, que será exibido na noite desta segunda-feira, 29, no canal da Brasil Paralelo no YouTube e para os assinantes da plataforma BP, o ex-procurador federal e líder da força-tarefa da operação Lava-Jato tem uma única palavra para definir o que acredita ter motivado a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, para ele “absurda”: vingança.

“Todo mundo entende o que está acontecendo. É uma vingança contra quem combateu a corrupção”, diz Dallagnol, que se vê como opositor de um governo que quer se vingar de juízes e promotores que foram vitoriosos nas instâncias técnicas e concursadas, mas que acabaram perdendo nos tribunais formados por colegiados políticos.

A entrevista aconteceu nos estúdios próprios da Brasil Paralelo em São Paulo, numa captação com múltiplas câmeras.

Dallagnol diz temer o descrédito das pessoas diante da democracia, mas ressalta ser contra qualquer solução que passe por extremismos. Para ilustrar, ele conta que, no dia da cassação, na saída do gabinete com assessores, pegou um carro de aplicativo, por volta das 3h da manhã e o motorista, ao reconhecê-lo, disse: “ ‘Deltan, eu estou indignado com o que aconteceu. Eu acho que às vezes a única solução que a gente tem é guerra civil’ , no que ele contra-argumenta: “Isso é muito ruim. Soluções extremistas não são soluções. Mas quando os tribunais fecham as portas da democracia para soluções legítimas, as pessoas passam a perder a fé na política ou buscar soluções extremistas, o que é ruim, é nefasto. Precisamos recuperar a fé das pessoas nas instituições, na Justiça, na democracia, no império da lei. A gente precisa reconstruir as instituições no País”, afirma.

Ao longo da conversa de quase 1h30 de duração, Dallagnol fez críticas ao seu processo no TSE. Também detalhou alguns feitos da operação Lava-Jato, justificou pontos polêmicos como as conduções coercitivas, e não fugiu de temas críticos como a chamada “Vaza-Jato” – o episódio da divulgação por hackers de conversas entre os promotores e juízes atuantes no processo.

Ainda, ele explicou sua relação com o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil/PR), revelando que ambos não tinham proximidade, nem eram amigos — tanto que Moro sequer foi convidado para seu o casamento.

Além de abordar episódios recentes da história nacional envolvendo réus, juízes e políticos, o ex-promotor também olha pra frente, mostrando preocupação para além de sua própria situação pessoal, alertando para a corrupção sistêmica e o futuro da democracia no País. Para ele, fatos recentes como anulação de processos, censura de liberdade de expressão, acusação e prisão de pessoas sem individualização de conduta (caso dos manifestantes do 8 de Janeiro em Brasília) são exemplos preocupantes.

Deltan Dallagnol alerta em diversos momentos que os próximos a terem seus mandados em perigo são os deputados federais Nikolas Ferreira (PL/MG) e Carla Zambelli (PL/SP), além do próprio senador Sergio Moro.

O ex-promotor e deputado com registro cassado também diz que a decisão mais difícil da sua vida foi a de sair do Ministério Público Federal, já que estaria abrindo mão de diversos benefícios da carreira para si e sua família.

“Está na hora de superarmos as divergências da direita”, clama Dallagnol , de olho para os protestos marcados para 4 de junho, quando espera que a oposição consiga se unir e se mobilizar e que as pessoas possam voltar às ruas para manifestações pacíficas.

“Sabatina” é um programa fixo da Brasil Paralelo no seu canal no YouTube e também na plataforma própria de streaming. Ao receber grandes personalidades da cena política brasileira e importantes formadores de opinião, o programa busca proporcionar ao público informação com credibilidade e conteúdo relevantes à sociedade. Foto: Divulgação/Brasil Paralelo

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