Vírus respiratório pode trazer graves problemas a bebês prematuros

Com sazonalidade alterada, Brasil entrou na alta temporada do VSR; ONG Prematuridade.com reforça prevenção

Desde o início de abril, todo o território brasileiro entrou na alta temporada do VSR (Vírus Sincicial Respiratório), principal agente causador de infecções do trato respiratório inferior em bebês de até dois anos – estima-se que 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias nesse público sejam decorrentes do vírus. Quando o contágio ocorre em bebês prematuros e cardiopatas, a preocupação é ainda maior, em razão da gravidade das implicações.

A questão foi tratada em evento realizado pela AstraZeneca Brasil, na terça-feira (11), em São Paulo, com o lançamento da campanha “Prevenção ao VSR – Muito além de um Detalhe” e o alerta à saúde dos prematuros foi trazido pela diretora executiva e fundadora da ONG Prematuridade.com, Denise Suguitani, uma das convidadas do painel “Cenário do VSR no Brasil e Métodos de Prevenção”. Mediado pela jornalista e apresentadora Fabiana Scaranzi, a mesa redonda foi composta, ainda, pelo Dr. Renato Kfouri, pediatra infectologista e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e por Rafa Brites, apresentadora e mãe de um bebê que chegou a ser internado por VSR.

“É muito importante replicarmos as informações sobre o VSR, tanto para as famílias, quanto para os profissionais de saúde, para que as formas de prevenção sejam difundidas, já que não existe um tratamento específico”, frisou Denise. Esse trabalho de conscientização é reforçado pela ONG Prematuridade.com e por seus voluntários espalhados por todas as regiões do país. “É um problema ao qual todos estão suscetíveis, então, é preciso falar sobre isso já durante a gestação, trazendo o máximo de informações”, salienta.

Sazonalidade alterada e aumento de casos

A sazonalidade do VSR varia de acordo com a região do país – começa no Norte, durando de fevereiro até junho, vai atingindo as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, onde registra picos entre março e julho, chegando ao Sul em abril e permanecendo até agosto com alta de casos na região. No entanto, o pediatra infectologista Dr. Renato Kfouri ressaltou que com a flexibilização do isolamento social e retomada das atividades presenciais, pós-pandemia, o vírus pode ter voltado a circular e apresentado alta de casos.

Conforme mostra o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado no último dia 4, houve aumento expressivo, em 15 estados, no número de novas internações de crianças causadas pelo VSR.

A análise da Fiocruz tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 27 de março e é referente à Semana Epidemiológica (SE) 12, período de 19 a 25 de março. Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos com o resultado positivo para vírus respiratórios foi de 36,2% para VSR. Nos estados do Amapá, Espírito Santo, Maranhão, Sergipe e Tocantins, até o momento analisado, o aumento de VSR está concentrado fundamentalmente nas crianças.

Já dados do Ministério da Saúde, atualizados semanalmente pela Secretaria de Vigilância em Saúde e referentes a todo o Brasil, revelaram 1.406 casos em crianças de zero a quatro anos, nas últimas oito semanas de 2022, o que representou uma alta de 22% em comparação com as oito semanas anteriores. As regiões mais afetadas no período foram Distrito Federal (450%), Minas Gerais (316%), Santa Catarina (72%), Roraima (71%), Paraná (30%), Rio Grande do Sul (26%) e São Paulo (5%).

Sintomas e prevenção

O VSR é transmitido através do contato com secreções respiratórias das pessoas infectadas e pode ocorrer desde formas assintomáticas leves até casos mais graves, com insuficiência respiratória e síndrome respiratória aguda, levando à hospitalização. O quadro mais típico é a bronquiolite, quando o vírus atinge os bronquíolos, na parte final dos brônquios, inflama e dificulta a entrada de ar, havendo um esforço respiratório muito grande acompanhado de cansaço.

Embora não exista vacina contra o VSR, há tratamento preventivo, disponível no SUS e incorporado ao rol de procedimento da ANS (disponível via planos de saúde). Trata-se de anticorpos monoclonais, que são artificiais e podem ser administrados aos bebês mensalmente durante o período de maior circulação do vírus. São especialmente importantes para bebês de 3 grupos:

– Crianças prematuras nascidas com idade gestacional menor ou igual a 28 semanas (até 28 semanas e seis dias), com idade inferior a um ano (até 11 meses e 29 dias);

– Crianças com idade inferior a dois anos (até um ano, 11 meses e 29 dias) com cardiopatia congênita e que permaneçam com repercussão hemodinâmica, com uso de medicamentos específicos;

– Crianças com idade inferior a dois anos (até um ano, 11 meses e 29 dias) com doença pulmonar crônica da prematuridade (displasia pulmonar) e que continuem necessitando de tratamento de suporte, tais como o uso de corticoíde, diurético, broncodilatador ou suplemento de oxigênio, durante os seis últimos meses anteriores ao cadastramento.

Entre outras medidas preventivas, estão a higienização frequente das mãos com álcool em gel e sabonetes germicidas, evitar o contato com pessoas com sintomas respiratórios e, para frear a disseminação de vírus respiratórios no público infantil, se a criança estiver com sinal de infecção respiratória, o ideal é não enviá-la para a escola ou creche.

“A prevenção é um trabalho em equipe. Os pais precisam saber que o vírus existe e como ele funciona e os profissionais de saúde estarem em constante atualização para orientar os pacientes e, assim, combatermos esse vírus”, conclui Denise. Foto: Fabio Rodrigues-Pazzebom.

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