Estudantes de Medicina da Ufba reivindicam ações para reduzir atraso no calendário

Alunos de diversas turmas se concentraram na frente da Sede Mater, no Terreiro de Jesus, na manhã desta segunda (10), mas não encontraram servidores no Colegiado para recebê-los

Ações para reduzir o atraso no calendário letivo por conta da suspensão de aulas durante a pandemia. Esse foi o principal motivo da manifestação realizada por estudantes da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB) da Universidade Federal da Bahia (Ufba) na manhã desta segunda-feira (10). Os alunos se concentraram na frente da Sede Mater da FMB, no Largo do Terreiro de Jesus, Centro Histórico, onde estão a Diretoria da FMB e o Colegiado de Medicina. Para surpresa dos estudantes, não havia servidores no Colegiado nesta manhã para recebê-los.

Antes de decidir pela manifestação, realizada de forma pacífica, ordeira, com uso de máscara e distanciamento social, os alunos tentaram o diálogo e, no final de dezembro, encaminharam ao Colegiado e à Diretoria uma carta assinada por quase 300 discentes de todas as turmas de Medicina da Ufba.

O documento reúne propostas para permitir a progressão dos cursos e ajustes no calendário, reduzindo os atrasos que já chegam a quase dois semestres, impactando na formação de centenas de futuros médicos. Entre as sugestões estão a oferta de cursos de férias e a realização de três semestres em um ano, práticas já realizadas em períodos pós-greve, segundo os próprios estudantes.

Com cartazes nas mãos pedindo “+ educação e – descaso”, por exemplo, os discentes reafirmam que se mantêm abertos ao diálogo, mas precisam de respostas mais positivas para a efetiva solução dos problemas. Eles classificam como lento e pouco efetivo o retorno do Colegiado, da Diretoria da FMB e de alguns departamentos.

Propostas viáveis

“Não queremos simplesmente o não como resposta. Discutimos e apresentamos propostas que consideramos viáveis e que estão dentro das possibilidades do Colegiado para evitar que atrasemos ainda mais o tempo de formação, de um curso que naturalmente já é bastante longo”, disse Laura Gandra, 39 anos. “Há estudantes de baixa renda que têm que concluir o curso no tempo previsto, pois ajudavam as suas famílias trabalhando e, durante a faculdade, não conseguem mais. Sou mãe e sinto na pele. Precisamos nos formar para garantir o sustento da nossa família e contribuir com a sociedade através de nossa força de trabalho”, completou Laura.

“Estamos pedindo cursos de férias, mas nas férias dos alunos e não dos professores. Compreendemos que existem questões administrativas, como o direito assegurado às férias dos servidores, e não é intenção causar qualquer prejuízo. É por isso mesmo que lutamos por um diálogo honesto e sincero para que nossas queixas e sugestões sejam ouvidas e discutidas. O objetivo é que seja adotada a melhor solução para todos”, disse a estudante Gabriela Porto, 25 anos.

“A justificativa atual tem sido vaga e unilateral. A universidade pública precisa ser defendida e fortalecida de forma constante. A arbitrariedade de certos departamentos parece esquecer que cada dia a mais do planejamento de 6 anos de curso é cruel e sofrido para diversos alunos, alguns com filhos e famílias. Alguns colegas são de outras cidades e até de outros estados e não podem prolongar essa permanência aqui”, completou Francesco Lattarulo, 24 anos. Ele destaca que a carga horária é extensa, dificultando que os estudantes trabalhem para se manter.

Trecho de convocação para a manifestação que circulava nas redes sociais dizia: “Hoje, estamos colhendo os frutos da apatia do Colegiado e de alguns departamentos. Porém, não devemos aceitar isso silenciosa e passivamente. Devemos lutar por nossos direitos, enquanto discentes, e reivindicar ações contundentes para não atrasarmos, ainda mais, o nosso período de formação. Vamos juntas e juntos?”.

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