Vencedores de concurso conhecerão Monumento ao 2 de Julho nesta quinta (27)

“Aos pés do caboclo, eu contemplei a memória dos primeiros donos da terra e vi, na ponta de sua lança, o sol partir em sete flechas de luz. Escutei das fanfarras de julho, a melodia. Beijei a primeira namorada da Mudança do Garcia. Aos seus pés, eu vi desfilar a festa e a dor ancestral da Bahia. Aos pés do caboclo chorei. Sonhei a nação livre, redimida em glória e paz”.

Esse foi o comentário que fez do professor de Teatro, Rafael Morais de Souza, 41 anos, um dos vencedores do concurso cultural “Aos pés do caboclo”, lançado este ano pela Prefeitura, por meio da Fundação Gregório de Mattos (FGM). Eles vão subir no monumento, nesta quinta-feira (27), às 10h, para conhecer de perto os detalhes históricos e arquitetônicos da obra. A visitação será guiada pelo professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Dirson, responsável por apresentar os conteúdos históricos, além de técnicos da FGM e um fotógrafo.

O concurso tem como objetivo aproximar os cidadãos do Monumento ao Dois de Julho, reforçando o tema das comemorações do cortejo da Independência do Brasil na Bahia em 2019: “Patrimônio do Povo”. Os critérios de escolha dos comentários foram a criatividade e engajamento com a temática cultural da Independência da Bahia, avaliados pelos funcionários da Assessoria de Comunicação e Gerência de Promoção Cultural da FGM.

Acompanhante do desfile desde a infância, junto com os pais, Souza classifica o concurso como emblemático, poético e divertido. “Quando soube que o vencedor subiria para contemplar de perto o monumento, de cara me deu vontade de realizar este feito. Sempre me senti instigado pela figura do Caboclo como representação de nosso grande herói, mestiço como eu. Além de carinho, tenho por este personagem respeito e cumplicidade”, revela.

Para o professor de Teatro, é necessário que as pessoas possam olhar a história de maneira mais dinâmica e viva. “É tão bonito ver o povo comemorar a liberdade com festa, arte e beleza. A iniciativa do concurso é muito boa e tem um potencial emblemático e poético muito grande. Na minha opinião, merece permanecer, ser aprimorado e ainda mais divulgado e valorizado. Fiquei muito feliz em vencer”, completa.

Conhecimento histórico – Outro vencedor, o escritor Antônio César Bispo, de 25 anos, sempre gostou de monumentos históricos e viu no concurso uma oportunidade de enriquecer os próprios conhecimentos. “Eu sempre tive interesse e curiosidade em monumentos históricos, principalmente em representações heroicas, como é o caso do Caboclo. Uma atividade como essa é muito interessante porque valoriza a nossa história e nos proporciona muito mais conhecimento sobre nossa cultura, criando uma conexão do presente com o passado. A minha vontade é que aconteça ações como essa com todos os monumentos da cidade”, afirma.

O comentário elaborado por Bispo destaca a sensação de luta presente no desfile. “Aos pés do caboclo, eu já fiz parte de diversas manifestações e sempre senti que os protestos, lutas e brados pelas liberdades do povo eram entoados com uma potência extra. Era como se por magia assomassem aos clamores do presente a força de todas as vozes que já gritaram no passado”.

Admiração à distância – Moradora de Fortaleza, no Ceará, a estudante de Hotelaria Marta Synara Duarte, de 36 anos, veio até Salvador somente para participar do concurso. A jovem, que visita à capital há mais de cinco anos, nunca esteve presente no desfile, mas sempre acompanhou pela internet. Infelizmente, em 2019 também não conseguirá realizar esse desejo, devido a compromissos profissionais.

Ansiosa pela visita ao monumento, classifica o contato com os detalhes históricos e arquitetônicos da obra como enriquecedor. “Eu sou apaixonada pela cultura afro-brasileira. A Bahia é o começo de tudo. Muitas pessoas não fazem nem ideia da grandiosidade e riqueza da história da Bahia e do Brasil. Essa ação é um resgate e valorização da nossa cultura. É um estímulo para os baianos e turistas conhecerem mais sua história. É muito importante essa ação e deveria prosseguir durante todo o ano”, declara.

O texto da estudante foi o seguinte: “Aos pés do caboclo eu contemplei a independência de um povo que clamava por liberdade e gritava por justiça. Até hoje nossa identidade está firmada em solos baianos e prevaleceu a bravura de quem lutou até o fim. Aos pés do caboclo está a certeza que vencemos a batalha e alcançamos a liberdade.

Arte – Símbolo da Independência da Bahia e tem como elemento principal o caboclo, representação da liberdade e nacionalidade, o Monumento ao 2 de Julho fica localizado no na Praça 2 de Julho, no Largo do Campo Grande. Inaugurado em 1895, passa em 2019 por restauração em toda a estrutura de 25,86m de altura, promovida pela administração municipal.

Concurso – As inscrições para o concurso aconteceram de 7 a 17 de junho. Para participar, bastava ser uma pessoa física maior de 18 anos, seguidora da página oficial Fundação Gregório de Mattos no Facebook e fazer um comentário de até 300 caracteres na imagem do Concurso Cultural “Aos Pés do Caboclo”. O comentário deveria ser iniciando com a frase: “Aos pés do caboclo, eu…”, e contar alguma história do participante relacionada ao monumento e/ou às comemorações do Dois de Julho.

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