Internações pediátricas por covid crescem em Salvador

Não é novidade o fato de que os cuidados mais intensos relacionados à contaminação pelo novo coronavírus devem estar voltados aos pacientes que pertencem aos grupos de risco, o que incluem idosos e pessoas com alguma doença crônica, como diabetes, hipertensão e asma. Porém, parece que essas precauções também terão que se estender às crianças, pois elas estão se contaminando com uma frequência maior do que previram os cientistas.

Com isso, a afirmação do prefeito de Salvador, ACM Neto, desta terça-feira (13), mostrou preocupação. De acordo com ele, houve um aumento significativo na demanda por internações pediátricas por coronavírus na capital baiana. A ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para crianças chegou 70%, enquanto o de leitos clínicos atingiu 80% de pacientes. Visto que, crianças de um a nove anos representam 1% do total de pessoas contaminadas em Salvador.

Para o gestor, este cenário vai interferir na decisão sobre a volta às aulas presenciais. “Nunca tivemos número tão alto. Há aumento de casos graves que envolvem crianças. É isso aí. É a consciência de cada um. Se acham que o caminho é do deboche, é isso aí”, criticou, ao falar sobre as aglomerações nas praias de Salvador vista na última segunda (12), mesmo que um decreto municipal proíba o uso das faixas de areia aos feriados.

Segundo o prefeito, ainda não é possível dizer se o aumento nas internações de crianças pela Covid-19 é pontual ou indica trajetória de crescimento, mas é necessário observar a situação antes de qualquer decisão sobre a retomada das atividades escolares em Salvador. “Temos que aguardar para ver. Mas é claro que todos esses dados terão relação direta na decisão de liberar as aulas”, disse.

IMPACTO

Um estudo publicado no Journal of Public Health Management & Practice, mostra que talvez estejamos subestimando o impacto da covid-19 em crianças. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram o número de entrada de crianças em UTI pediátrica nos últimos meses, além de estudos chineses acerca do assunto.

O estudo diz que embora a pesquisa tenha sido realizado com dados da população estadunidense, é razoável pensar que um cenário parecido aconteça em outras partes do mundo, inclusive no Brasil. A doença pode apresentar uma evolução diferente por conta de aspectos como clima ou condição socioeconômica da comunidade, mas os pesquisadores alertam para a necessidade de intensificar os cuidados com os pequenos.

Não foram dadas recomendações específicas, portanto é bom seguir as boas práticas destinadas a todas as faixas etárias: manter o isolamento social recomendado pelas autoridades governamentais e evitar aglomerações; utilizar máscara em ambientes públicos; lavar as mãos com água e sabão com frequência e usar álcool em gel para higienização, quando os outros meios não estiverem disponíveis; cuidar da saúde com uma alimentação balanceada e prática de exercícios físicos.

CRESCIMENTO

Vale lembrar que ACM Neto já havia afirmado na semana passada, que a ocupação de leitos de UTI da rede privada de Salvador tinha crescido 10% nos últimos dias. Segundo ele, esse número não é muito preocupante, mas é preciso manter a atenção e não relaxar nos cuidados contra a covid-19.

“Houve uma elevação, não posso dizer que traga preocupação nesse momento, mas houve, na demanda pela rede particular. Tinha chegado a cerca de 10% de taxa de ocupação, cresceu para algo de 20%”, disse. “É um número muito confortável, mas a gente colhe depoimento de hospitais que não estavam recebendo ninguém, agora estão recebendo em volume muitíssimo pequeno”, declarou na ocasião.

“Estou muito atento para o que está acontecendo em outras cidades do Brasil, em outros países. Claro que todos que têm noção do perigo da doença ficam observando esse risco, a preocupação em relação a uma possível segunda onda, que espero que não ocorra. Fato que em muitos lugares onde houve uma abertura talvez precipitada estamos vendo aumento no número de casos, aumento no número de óbitos”, lembrou Neto.(Tribuna da Bahia) Foto: Paula Froes/GOVBA

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