ESTREIA: Curta “O Homem que Virou Castanha” confronta narrativa coaching das igrejas evangélicas

O filme, com lançamento programado no XIX Panorama Internacional Coisa de cinema, explora o discurso religioso de superação da pobreza através do trabalho informal, evidenciando suas repercussões na vida do vendedor Zebedeu.

Salvador, Brasil – Março de 2024 – O curta-metragem “O Homem que Virou Castanha”, dirigido por Natan Fox e co-escrito por ele e por Pedro Reinato, ambos sócios da produtora Mansa Filmes, terá a estreia no prestigiado Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador. O filme, que aborda questões como religiosidade, trabalho, masculinidade negra e a sensação de passividade diante das adversidades, será exibido duas vezes no renomado Cine Glauber Rocha, localizado na Praça Castro Alves. A primeira sessão está marcada para terça-feira, 19 de março, às 17h10, e a segunda para quarta-feira (20), às 16h30.

Em “O Homem que Virou Castanha”, acompanhamos a jornada de Zebedeu (interpretado pelo ator Heraldo de Deus), um homem humilde que vende castanhas nas ruas da capital baiana. Por meio de uma abordagem metafórica, o filme confronta as promessas fundamentadas no discurso religioso e na lógica do neo-liberal de sucesso, mostrando como essas narrativas podem contribuir para que pessoas em contextos de vulnerabilidade entrem em um ciclo de desesperança.

O curta traz uma narrativa poderosa que desafia as convenções, criando um protagonista passivo, sofrido pelas circunstâncias da vida. Este retrato autêntico e emocionante revela as complexidades da masculinidade negra, destacando as lutas diárias enfrentadas por homens como Zebedeu em uma sociedade que muitas vezes os marginaliza.

O diretor Natan Fox destaca a importância do personagem como uma representação dos desafios enfrentados pela população negra em Salvador, especialmente em relação ao desemprego e ao empreendedorismo informal. “Temas históricos que se relacionam com as questões raciais, com o racismo estrutural. Logo após o período escravocrata, pessoas negras foram colocadas à margem do emprego formal. Algo que se reflete até os dias atuais com grande parte de negros e negras estando na informalidade”.

A partir do final do século XX, com a ascensão das igrejas evangélicas neopentecostais, a pauta ‘emprego’ ganhou uma nova força, um novo significado, já que essas instituições religiosas pegaram essa brecha, esse problema social, e apresentaram um olhar que retira o problema e traz o empreendedorismo solução. “A gente parte dessa premissa, desse lugar em que o discurso evangélico e de coaching está em voga. É sobre como isso impacta as pessoas. Trazemos uma reflexão sobre a crença no discurso e de que o dia-a-dia vai dizer o contrário para elas”, complementa Pedro Reinato.

“O Homem que Virou Castanha” é uma reflexão importante sobre a realidade social e econômica de Salvador, oferecendo uma visão crítica e sensível sobre as dinâmicas da cidade. E a estreia no XIX Panorama Internacional Coisa de Cinema, que ocorre na capital baiana, se torna um marco significativo para o filme e seus criadores. Os responsáveis pelo curta consideram ainda a oportunidade de compartilhar a história de Zebedeu com o público do festival, algo fundamental para destacar o impacto artístico e social da obra.

Para mais informações sobre o filme e sua participação no XIX Panorama Coisa de Cinema, acesse: https://panorama.coisadecinema.com.br/.

Lançamento do curta-metragem “O Homem que Virou Castanha”
Quando: Primeira sessão no dia 19 de março, às 17h10, com reapresentação no dia 20 de março, às 16h30.
Onde: XIX Panorama Internacional Coisa de Cinema, Cine Glauber Rocha, em Salvador.

Valor: R$ 12,00 (inteira) e R$ 6,00 (meia) e podem ser adquiridos na bilheteria do cinema ou pelo site. Foto: Divulgação

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