História da tecnologia e ciência negra foram destaque no desfile do Bloco da Capoeira

Um espetáculo cultural que mesclou história e ancestralidade tomou conta do Circuito Osmar (Campo Grande) na noite desta quinta-feira (8), com o desfile do Bloco Afro Mangangá Capoeira. Com o tema “Nas Asas da Tecnologia Africana”, o Bloco da Capoeira celebra 23 anos e apresenta enredo, invenções e inovações tecnológicas desenvolvidas por pessoas negras da África e das Américas.

“A ideia é trazer a tecnologia construída pelas populações negras, mas sem esquecer o tradicional e a nossa ancestralidade”, destaca Tonho Matéria, cantor e fundador do bloco. O desfile, que reuniu cerca de 800 pessoas, protagonizou o espaço da capoeira no Carnaval de Salvador.

O Bloco da Capoeira fez seu único desfile e homenageou também o centenário de morte de Manoel Henrique Pereira, Mestre Besouro, capoeirista baiano do início do século XX e os 50 anos dos blocos afro. “Nosso trabalho de pesquisa resultou o que trouxemos para a avenida: alas de matemática, astronomia, engenharia, navegação, música e medicina tradicional, todas invenções negras. Assim como a ala de Besouro Mangangá e homenagem aos blocos afro, em especial o Ilê Ayê”, citou Tonho.

Negra Jhô, multi artista baiana, que é associada do bloco desde o seu surgimento, celebrou o tema deste ano. “É muito importante contar a história das tecnologias criadas pelos povos negros e africanos. Para mim é uma honra desfilar em mais um ano no bloco que para mim é uma família”, destacou.

Afrofuturismo e protagonismo negro

Tonho Matéria desfilou com uma roupa em LED e uma coroa egípcia, representando o afrofuturismo e cantou seus maiores sucessos da capoeira e samba reggae. Ele, que também representa o coletivo de blocos afro, ressaltou a importância do programa Ouro Negro para o fortalecimento dessas iniciativas.

O desfile do Bloco da Capoeira apresentou elementos de protagonismo negro como pirâmides, o papiro, moinho de vento e medicina das plantas. Também estiveram no desfile rodas de capoeira, percussão, maculelê e danças afro. A concepção artística das estampas das vestimentas e as projeções em led do trio elétrico foram assinadas pelo artista visual baiano Yosh José. O Bloco da Capoeira ainda desfila em uma versão infantil no Circuito Batatinha (Pelourinho).

Carnaval Ouro Negro 2024 – O Carnaval da Bahia é Ouro Negro. Em 2024, foram investidos R$15 milhões para proporcionar o apoio a mais de 170 grupos dos segmentos afro, afoxé, samba, reggae e de índio. Só no carnaval de Salvador são mais de 100 entidades que desfilam nos circuitos oficiais da folia. Entre as entidades contempladas estão grupos tradicionais como o Olodum, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Muzenza e Cortejo Afro. A SecultBA amplia sua parceria com blocos tão importantes com o intuito de preservar a tradição destes na folia soteropolitana e nas suas comunidades de origem, valorizando as nossas matrizes africanas.

Carnaval da Cultura – Comemorar, enaltecer e fortalecer os Blocos Afro em seus 50 anos de existência, contados a partir do nascimento do Ilê Aiyê, o pioneiro, é garantir que a festa também seja um lugar para que negras e negros baianos contem as suas narrativas e façam parte da história do mundo. Por isso, o tema do Carnaval da Bahia em 2024 é os 50 anos de Blocos Afro – Nossa Energia é Ancestral. Em cada circuito, em cada sorriso, em cada bloco desfilando as belezas do povo preto, em cada brilho pelas ladeiras do Pelô. É a folia animada, diversa e democrática do Carnaval e é também a preservação do patrimônio cultural, com o apoio ao carnaval tradicional dos mascarados de Maragojipe. O Carnaval da Cultura é promovido pelo Governo do Estado, “50 anos dos Blocos Afro – Carnaval da Bahia 2024 – Nossa Energia é Ancestral”. Foto: Divulgação / Secult-BA

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