Contação de história traz valorização da identidade racial e estética de cabelo

Ação é realizada pelo Afroteca Muvuca, projeto que conta com patrocínio da Braskem, em escola municipal de Camaçari

“O cabelo de Zuri é mágico. Ele pode ser trançado e enrolado para combinar perfeitamente com uma tiara de princesa ou uma capa de super-heroína. E Zuri Sabe que seu cabelo é lindo”. Esse é um trecho do livro Amor de Cabelo, que está sendo utilizado na contação de história promovida pelo projeto Afroteca Muvuca, na escola municipal Maclina Maia da Glória, em Vila de Abrantes, Camaçari. Até o dia 31 de outubro, a expectativa é que cerca de 500 crianças, com idade entre 5 e 11 anos, participem da dinâmica. O Afroteca é uma das três iniciativas da primeira edição do Edital Braskem: Projetos que Transformam.

Para Magnólia Borges, gerente de Relações Institucionais da Braskem na Bahia, a ação desenvolvida pelo projeto demonstra o poder transformador da educação com essas crianças. “Além de incentivar a leitura, essa dinâmica promove uma reflexão sobre a estética e a cultura dessa comunidade”, afirma.

Após uma educadora fazer a contação do livro, é realizada uma atividade com os alunos, que aplicam em desenhos de bonecos diversos tipos de cabelos. De acordo com Evelin Salles, coordenadora do projeto, o objetivo é trazer elementos que possam desconstruir a ideia de uma estética padrão e fazer com que as crianças possam reconhecer a beleza da estética negra e seus traços ancestrais.

“A Afroteca Itinerante, como estamos chamando, é uma extensão das ações que fazemos com as crianças do Quilombo de Cordoaria. Estamos muito surpresos com a identificação das crianças com a personagem do livro. Elas trazem exemplos, falam de seus cabelos, da relação das famílias com a estética”, explica Salles. Ela destaca ainda que, em novembro, a contação de história chega a escola municipal Eliza Dias de Azevedo, também em Vila de Abrantes, com a previsão de atender mais 100 crianças.

Segundo Roberto Sousa, coordenador pedagógico da escola Maclina Maia da Glória, a mudança de alguns paradigmas da sociedade requer uma construção permanente, despertando questionamentos não só nas crianças, mas também nos educadores. “E essa prática realizada em nossa unidade escolar, com a contação de história e a dinâmica com os nossos alunos, valoriza a diversidade e a estética das crianças, quase majoritariamente pardas e negras”, afirma Sousa.

Resgate – O Afroteca Muvuca visa promover o resgate da história dos quilombos, dos negros e dos indígenas por meio da leitura. Em um contêiner decorado, instalado no Quilombo da Cordoaria, em Camaçari, disponibiliza desde março deste ano uma biblioteca com acervo de mais de 100 livros e um espaço multiuso, onde 60 crianças participam de oficinas de literatura. A ação é desenvolvida pela Associação Viva a Vida. Foto: Divulgação

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