Dúvida sobre ajuste fiscal piora avaliação do mercado financeiro sobre o governo Lula

Quarta rodada da sondagem mostra que a avaliação positiva do governo recuou de 20% para 12% desde julho entre executivos de bancos e corretoras

A quarta edição da pesquisa quantitativa “O que pensa o mercado financeiro”, da Genial/Quaest, mostrou deterioração na expectativa do mercado para a economia, com impacto direto na avaliação sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O principal fator de pessimismo do mercado é a dúvida sobre o êxito do ajuste fiscal proposto: 95% não acreditam em déficit zero para 2024. A maioria avalia que, mesmo tendo boa chance de aprovação no Congresso, as medidas propostas para aumentar a arrecadação contribuirão pouco para o cumprimento das metas do arcabouço fiscal.

De acordo com os executivos de bancos e corretoras, a expectativa positiva para a economia recuou 17 pontos em relação a julho e ficou em 36%. Essa queda puxou para baixo a avaliação do governo Lula, que tinha aprovação de 20% em julho e tem 12% na pesquisa atual. 47% dos entrevistados fazem uma avaliação negativa do governo e para 41% a atuação do governo é regular.

A aprovação do trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que teve forte influência na avaliação do governo Lula na pesquisa anterior, recuou 19 pontos percentuais, ficando em 46%, contra 65% em julho. 31% consideram o trabalho do ministro regular e 23% o desaprovam, alta de 12 pontos percentuais desde junho. Para 72%, a economia está na direção errada – em julho, essa era a opinião de 53%.

O mercado voltou a manifestar preocupação sobre a capacidade de o governo aprovar sua agenda no Congresso. Os que duvidam da capacidade de aprovação voltaram a superar os que acreditam nela: 27% a 20%. Para 44%, o espaço aberto para PP e Republicanos no governo não altera esse panorama, enquanto 56% acreditam que pode ter influência positiva. Também há dúvidas sobre as reformas propostas. O panorama mais favorável é o da Tributária: 74% acreditam o Senado concluirá a reforma. Para 72%, a reforma do Imposto de Renda não será votada este ano.

A sondagem quis saber também sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado em agosto pelo governo federal e constatou que, para 71% o programa é uma medida negativa. Do ponto de vista dos gastos públicos, o valor anunciado de R$ 1,68 trilhão é considerado inadequado por 85% e os investimentos previstos não serão eficientes para fazer o país crescer na opinião de 86%. As expectativas são negativas também sobre investimentos externos no Brasil. Para 36% haverá aumento (contra 54% em julho) e para 51% os investimentos manterão o patamar atual, enquanto 13% avaliam que haverá queda.

No ranking sobre quais as personalidades públicas mais confiáveis, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, manteve a liderança com 85%. Alta também é a preocupação do mercado com o nome do próximo presidente do Banco Central: 68% se dizem “muito preocupados”. Para a reunião desta quarta-feira do Conselho de Política Monetária (Copom), o mercado espera que a taxa Selic seja mantida em 12,75%.

Foram realizadas 87 entrevistas com gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão das maiores casas de investimento do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre os dias 13 e 18 de julho. As entrevistas foram feitas on-line, através da aplicação de questionários estruturados. (Genial/Quaest) Foto: Reprodução /Canal Gov

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