Pesquisa inédita mostra como pensam os parlamentares em relação ao governo Lula

Para 41% o relacionamento do governo Lula com a Câmara é ruim, mas 56% concordam que é alta a chance de aprovação da agenda do Planalto

Maior radiografia de como a Câmara Federal decide, a primeira edição da sondagem Genial/Quaest “O que pensam os deputados federais” revela um parlamento dividido sobre o governo Lula, mas que considera o país na direção certa e vê boas chances de aprovação da agenda econômica do ministro Fernando Haddad. A pesquisa ouviu 185 deputados, em amostra proporcional por região do País e partidos políticos. É a maior sondagem do gênero.

Abaixo, as principais conclusões:

Avaliação do Governo Lula:

A avaliação do Governo Lula é positiva para 35%, regular para 30% e negativa para 33%. Esses índices são próximos dos registrados na avaliação da opinião pública feita em junho, que mostrou 37% com avaliação positiva, 32% regular e 27% negativa. Já em relação à sondagem realizada em julho com o mercado financeiro, os parlamentares mostram-se mais otimistas, uma vez que 44% dos executivos ouvidos avaliaram negativamente o governo e apenas 20% manifestaram aprovação.

No recorte por ideologia, o destaque é o Centro: 34% avaliam positivamente o governo e 56% o consideram regular. Na Esquerda, o governo é bem avaliado por 86% e na Direita, as avaliações negativas somam 74%. O Centro também é destaque sobre o rumo atual do Brasil: 70% consideram que o país está indo na direção correta, 25% têm opinião contrária e 5% não sabem ou não responderam. Na Esquerda, 95% apoiam a direção atual e, na Direita, 79% reprovam.

Na comparação com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, 43% dos deputados consideram o atual governo melhor (contra 49% da opinião pública), 12% não enxergam diferença (11% na população) e 36% avaliam que o governo está pior (34% na população).

Os ministros Fernando Haddad (52% de aprovação), Flavio Dino (48%) e Simone Tebet (47%) são os mais bem avaliados pelos deputados.

Relacionamento do governo Lula com a Câmara:

Para 41% o relacionamento é ruim, enquanto 32% o consideram regular e 24%, positivo. Para 67%, o governo dá menos atenção aos parlamentares do que deveria.

Apesar disso, 56% concordam que é alta a chance de aprovação da agenda do Planalto. Na Esquerda, 88% têm essa avaliação, contra 61% do Centro e 35% da Direita. Para 40% dos entrevistados, o fator determinante para aprovação da agenda oficial é cumprir os acordos com os líderes partidários/liberar emendas. Ter boa relação com o presidente da Casa e ter apoio popular para as propostas são fatores que aparecem empatados, com 15%.

Prioridades da agenda do governo:

As medidas arrecadatórias são consideradas prioritárias por 42% dos deputados. Entre essas medidas, a aprovação da taxação de apostas online (65%) e a extinção do JCP (50%) são tidas como as mais prováveis. Para 23% a Reforma Tributária deveria ter prioriedade.

Influência sobre o Congresso:

A sondagem perguntou quais os setores que mais influenciam as decisões do Congresso. O agronegócio está no topo, apontado como muito influente por 77%; em seguida vem o setor financeiro, com 58% e a indústria, com 52%. Comércio aparece com 39%, terceiro setor e trabalhadores com 20% e organizações internacionais com 15%.

Principais problemas do Brasil:

Economia (38%) e questões sociais (23%) lideram o ranking, com resultados próximos aos registrados junto à opinião pública, que apontou esses dois problemas como os mais graves com 30% e 20%, respectivamente. A mesma proximidade acontece com a corrupção (12% na Câmara e 11% na opinião pública) e a violência (empate em 7%). Para 48% o governo está trabalhando para solucionar esse problema, e para 39% não está. Em relação ao Congresso, 57% dizem que os parlamentares estão trabalhando e 30% dizem que não.

A pesquisa foi realizada entre os dias 13/6 e 6/8, ouvindo 185 congressistas em entrevistas presenciais e on-line, através da aplicação de questionários estruturados. A amostra de deputados corresponde a 36% do total e foi definida com base em estratos de região e posicionamento ideológico dos partidos. A divisão por região e por grupo ideológico teve por base o projeto Brazilian Legislative Survey. A margem de erro é estimada em 4,5 pontos percentuais, calculada por uma técnica de sorteio de sub-amostras. (Genial/Quaest) Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom.

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