CNC eleva de 1,6% para 1,8% a previsão de aumento das vendas com expectativa de cortes sucessivos na taxa Selic

Sem crescimento há três meses, varejo aposta na queda dos juros para recuperar vendas

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para cima a expectativa de aumento das vendas no varejo brasileiro para 2023, por conta do cenário positivo da economia do País para os próximos meses. A perspectiva para este ano subiu de 1,6% para 1,8% a mais que 2022, apostando na queda dos juros para recuperar o setor, já que as vendas nas atividades dependentes das condições de crédito seguem abaixo do período pré-pandemia.

De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas no comércio varejista do País se manteve estável em junho, na comparação com o mês anterior. Este foi o terceiro mês sem registro de aumento do volume vendido pelo setor.

No comparativo entre o primeiro semestre deste ano e o mesmo período do ano passado, as vendas no varejo cresceram 1,3%, impulsionadas pelo desempenho dos dois principais segmentos do setor: combustíveis e lubrificantes, com alta de 14,6%, e hiper e supermercados, que cresceram 2,6%.

“Estamos otimistas com o cenário positivo da economia brasileira para os próximos meses. A queda dos juros é um fator importante para a recuperação do setor, especialmente para as atividades dependentes das condições de crédito”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. “A revisão da perspectiva de crescimento das vendas reflete essa confiança na recuperação do varejo brasileiro”, conclui Tadros.

Venda de produtos essenciais em alta no pós-pandemia

Conforme o economista da CNC responsável pelo estudo, Fabio Bentes, o aumento das vendas em todo o varejo é de 3% em relação a fevereiro de 2020, o que indica uma tendência suave de recuperação ante o período mais agudo de perda de atividade no início da pandemia de covid-19. O destaque maior é para os ramos do varejo direcionados ao atendimento das demandas essenciais, como farmácias e perfumarias (que tiveram alta de 26,6%), combustíveis e lubrificantes (crescimento de 9,3%) e hiper e supermercados (avanço de 5,3%).

“Por outro lado, atividades com menor concentração do consumo essencial e mais dependentes das condições de crédito ainda não conseguiram reaver o dinamismo anterior à crise sanitária”, aponta o economista. É o caso do segmento de móveis e eletrodomésticos, que acumula perdas de 13,1%, do de artigos de uso pessoal e doméstico, que segue 16,9% abaixo do registrado em fevereiro de 2020, e do de informática e comunicação, com desempenho 20,3% aquém do pré-pandemia.

A esperança vem da Selic

Com a queda de 0,5 ponto percentual da taxa Selic e a manifestação do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central de que a medida deve ser aplicada continuamente, a tendência é que haja condições de consumo mais favoráveis para os segmentos dependentes das condições de crédito. A expectativa é que 2023 encerre com juros em 11,75% e a trajetória de queda siga até 9% em 2024.

“Mas o cenário desafiador ao varejo inclui ainda o elevado grau de comprometimento da renda das famílias com o endividamento”, lembra Fabio Bentes. Conforme a pesquisa realizada pelo Banco Central, mais de 30% da renda média se encontra comprometida com amortização ou serviço da dívida familiar – situação que se arrasta desde setembro de 2021. Foto: Valter Campanato.

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