Representatividade de pessoas LGBTQIA+ nas empresas da Bahia é de 12%, mas 18% já foram assediadas no trabalho

Números mostram que apenas 11% dos trabalhadores LGBTQIA+ assediados comunicam o problema para as empresas nas quais trabalham – é um dos menores índices registrados em todos os estados brasileiros;

Estudo nacional com 20 mil trabalhadores indica que, na Bahia, 55% dos profissionais LGBTQIA+ revelam orientação sexual para colegas de trabalho, igualando o índice nacional;

Segundo uma pesquisa de âmbito nacional que ouviu 20 mil trabalhadores de empresas de diferentes segmentos da economia, a representatividade de pessoas LGBTQIA+ nas empresas que atuam no mercado baiano é de 12% – o índice é ligeiramente maior do que aquele registrado em âmbito nacional, que ficou em 10%. O assédio no ambiente de trabalho é um problema que atinge 18% dos profissionais LGBTQIA+ na Bahia.

Os dados do levantamento, realizado pela consultoria Santo Caos, revelam que, das pessoas LGBTQIA+ que sofreram assédio no estado, durante o exercício profissional, apenas 11% comunicaram o caso para as empresas nas quais trabalham. É um dos menores índices registrados em todos os estados brasileiros.

Vale ressaltar, de acordo com a classificação do estudo, que assédio é o ato de ofender explicitamente alguém por conta de sua característica.

O índice de pessoas LGBTQIA+ da Bahia que revelam sua orientação sexual para colegas de trabalho é de 55%, mesmo número registrado nacionalmente pela pesquisa da Santo Caos. Em relação à identidade de gênero, 32% dos trabalhadores LGBTQIA+ no estado falam sobre o assunto para outras pessoas da empresa; no âmbito nacional, o número é de 40%.

A pesquisa da Santo Caos coletou informações sobre representatividade, renda, tempo de empresa, ascensão na carreira, entre outros indicadores sobre diversidade e inclusão no mundo corporativo. O conteúdo está disponível gratuitamente para a população no site.

O número alarmante sobre assédio nas empresas da Bahia é acompanhando por outro dado, também trazido pela pesquisa, sobre a percepção geral acerca de preconceito e discriminação contra pessoas LGBTQIA+ no mercado de trabalho. Segundo o indicador desse dado, 40% dos profissionais não veem nenhum tipo de preconceito (olhares, piadas, ofensas, entre outros) contra a população LGBTQIA+ no local de trabalho.

Ainda segundo os números do estudo, na Bahia, a população LGBTQIA+ nas companhias é composta dos seguintes grupos: lésbicas, 6%; gays, 21%; bissexuais, 25%; trans/travestis, 25%; assexuais, 16%.

Números em âmbito nacional

De acordo com os dados da pesquisa, a população LGBTQIA+ representa 10,4% (2.034 pessoas) do universo de 19.488 profissionais ouvidos ao longo de um ano e cinco meses. Esse público está menos disposto a recomendar a empresa onde trabalham do que aqueles que não são LGBTQIA+. Os números mostram que 40% dos entrevistados LGBTI+ recomendam o local de trabalho, enquanto esse índice atinge 59% entre aqueles que não são LGBTQIA+.

“O modelo de trabalho híbrido popularizado após o início da pandemia de Covid-19, com parte dos trabalhadores exercendo suas funções profissionais em suas próprias residências, vem avançando sobre a intimidade das pessoas, expondo aspectos que anteriormente não faziam parte da rotina de trabalho”, afirma Jean Soldatelli, sócio-diretor da Santo Caos.

“Nesse sentido, é necessário que as empresas se preparem de forma mais abrangente e consistente para promover o bem-estar dos colaboradores, ampliando suas iniciativas de diversidade e inclusão”, comenta Soldatelli.

LGBTI+ têm renda menor e ficam por períodos mais curtos nas empresas

O levantamento da Santo Caos mostra que, nacionalmente, 47% das pessoas LGBTI+ têm renda média abaixo de quatro salários mínimos, frente a 36% das pessoas que não fazem parte desse grupo. Em relação ao tempo de trabalho nas empresas, aqueles que se declararam LGBTI+ ficam aproximadamente 3,07 anos em uma companhia, ao passo que os não LGBTI+ permanecem em uma mesma empresa por mais tempo: uma média de 4,13 anos.

“A leitura dos dados nos permite inferir que a rotatividade maior da população LGBTI+ é consequência direta da discriminação e do assédio, que tornam o ambiente de trabalho mais tóxico para essas pessoas”, comenta Jean Soldatelli, sócio-diretor da Santo Caos. “Essa informação trazida pelo estudo corrobora a urgência de ações que promovam diversidade e inclusão nas empresas, criando melhores condições para esse grupo manter suas atividades profissionais”, finaliza.

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