Ombro é uma das partes mais atingidas nesse tipo de ocorrência; especialista explica lesões
Este mês é marcado pela campanha Maio Amarelo, que foca na segurança do trânsito e estatísticas de acidentes trazem dados alarmantes, especialmente aos motociclistas. Segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, do total de internações em razão de ocorrências desse tipo, registradas de janeiro a março deste ano, 74,3% envolveram condutores de motos (foram 2.007 hospitalizações por acidentes, sendo 1.491 motociclistas).
Na comparação entre 2020 e 2021, as internações causadas por acidente com motocicleta tiveram alta de 23,9% (de 8.774 registros passaram para 10.879). No ano passado, 656 motociclistas morreram.
Nos acidentes de moto, uma das lesões mais comuns é a fratura da clavícula, um osso do ombro popularmente conhecido como ‘osso da saboneteira’ e também um dos mais vulneráveis, explica o cirurgião do ombro e cotovelo Dr. Luis Alfredo Gomez, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC). A articulação do ombro, aliás, é a mais completa do corpo. “Em acidentes mais graves, podem ocorrer fratura exposta, lesões associadas nos nervos e fraturas cominutivas com grandes desvios, caracterizadas pela quebra do osso em mais de dois fragmentos, todos esses, casos que precisarão de cirurgia”, fala.
Outro tipo de trauma que pode ocorrer é a luxação acromioclavicular, na qual são lesionados os ligamentos que seguram a clavícula junto ao restante do ombro. “Há vários graus dessa luxação e, nos tipos mais graves, pode causar deformidade e limitação funcional com dor e falta de força”, salienta o Dr. Luis Alfredo.
O especialista destaca, ainda, a lesão do manguito rotador (grupo de quatro unidades músculo-tendão que envolve a articulação do ombro), no qual os tendões são rompidos quando ocorre tentativa da pessoa se proteger da queda, fazendo um esforço elevado sobre a articulação.
“Seja qual for o tipo de lesão, a recuperação sempre demanda tempo; em muitos casos, muitas sessões de fisioterapia; o afastamento do trabalho e pausa por longo período de diversas atividades que integram a rotina. Sem contar outros agravantes, como a sobrecarga nos leitos hospitalares e os altos custos que os acidentes de trânsito causam aos cofres públicos”, ressalta. “Todos esses transtornos podem ser evitados com um trânsito mais responsável, com respeito entre todos – carros, motos, bicicletas e pedestres. Atenção e prudência são as práticas essenciais para evitarmos esse problema de saúde pública e mudar essas tristes estatísticas”, conclui Dr. Luis Alfredo.
Sobre o Dr. Luis Alfredo Gomez
Luis Alfredo Gomez é médico ortopedista, especialista em cirurgia de ombro e cotovelo. Doutorando em Ciências Musculoesqueléticas pela USP (Universidade de São Paulo) e presidente Nacional da SBCOC (Sociedade Brasileira de Cirurgia de Ombro e Cotovelo) em 2022.
