“Gestão da Petrobrás promove a maior transferência de renda da história”, diz FUP

Com lucro e pagamento de dividendos recordes, a riqueza do brasileiro vai para os acionistas. Enquanto isso, investimentos da empresa ficam muito abaixo do valor distribuído

“A Petrobrás teve lucro de R$ 106 bilhões e distribuiu dividendos de R$ 101,4 bilhões em 2021, o que significa a maior transferência de renda da história já vista no Brasil promovida pela gestão da Petrobrás. Os gigantescos lucro e pagamento de dividendos obtidos no ano passado são oriundos de aumento de preço de combustíveis no mercado interno e da venda de ativos. Isso representa transferência de riqueza dos 210 milhões de brasileiros para alguns milhares de acionista. É indecente”.

A afirmação é do coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, ao comentar os resultados da Petrobrás em 2021, divulgados ontem (23) ao mercado. “No ano em que a população brasileira pagou preços recordes dos combustíveis e do gás de cozinha, a gestão da Petrobrás apresentou o maior lucro de sua história”, destacou ele, observando que a empresa privilegia o pagamento de dividendos em detrimento dos investimentos: “A gestão da Petrobrás investiu US$ 8,7 bilhões em 2021, o equivalente a R$ 47,3 bilhões, convertendo ao dólar médio do ano. Ou seja, os investimentos realizados no ano passado foram menos da metade do valor da distribuição de dividendos. Entre 2003 e 2015, a média anual de investimentos da Petrobrás atingiu US$ 26,8 bilhões, sendo que em 2013 somou US$ 48 bilhões”.

Segundo Bacelar, ao contrário do consumidor brasileiro, acionistas da Petrobrás se beneficiam cada vez mais com a política de Preços de Paridade de Importação (PPI), adotada pela empresa, que reajusta o preço dos derivados a partir de mudanças nas cotações internacionais do petróleo, na taxa de câmbio e custos logísticos. O PPI, criado em outubro de 2016 pelo ex-presidente Michel Temer, foi mantido e reforçado no governo do presidente Jair Bolsonaro.

“Graças ao PPI, os preços dos derivados de petróleo subiram quase 70% no ano passado, puxando para cima as receitas da Petrobrás, de mais de R$ 452 bilhões. Um boom de receita calcado no PPI, ou seja, no bolso da população brasileira”, afirmou o dirigente da FUP.

Para Bacelar, os resultados da Petrobrás em 2021 revelam o retrato da atual gestão da empresa, que se aproveita da volatilidade dos preços internacionais para obter lucros extraordinários às custas do consumidor brasileiro, que sofre com os efeitos perversos da inflação, enquanto os acionistas da estatal recebem dividendos recordes.

Segundo especialistas do Instituto de Estudos Estratégicos de Energia, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a Petrobrás tem se aproveitado do aumento de preços dos combustíveis para ampliar sua participação no mercado interno. A empresa está importando mais derivados, e percebendo que o mercado de derivados é importante para seus negócios.

Diante disso, causa estranheza a manutenção do programa de privatização do refino. A pergunta que se faz é por que a gestão da Petrobrás insiste em seu plano de vender ativos no refino que estão permitindo a ela acumular lucros gigantescos.

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