Terceira via não decola e cenário da corrida presidencial mostra quadro polarizado entre Lula e Bolsonaro, avalia pesquisa

Dificuldade de Moro e Doria para alavancar suas campanhas fica evidente ao avaliar decisão de voto: mais de 70% dos eleitores deles podem mudar escolha até a eleição

O resultado da pesquisa Genial/Quaest de fevereiro indica que, até este momento, a terceira via não decolou. Nem o ex-juiz Sérgio Moro nem o governador João Dória (SP) estão conseguindo arrebatar o voto dos eleitores que poderiam escolher um candidato que não fosse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou o atual presidente Jair Bolsonaro. Em diversos cenários, Moro se manteve entre 7% e 9% da preferência do eleitorado, mas o ex-governador Ciro Gomes voltou a encostar. Já Dória oscila entre 2% e 3%.

Quando os entrevistados são provocados a responder se não pretendem mais mudar sua escolha, a polarização fica ainda mais evidente. No total, 58% dos eleitores dizem que já têm candidato em definitivo, e 40% afirmam que ainda podem mudar de ideia. Entre os apoiadores de Bolsonaro, 65% dizem que é a escolha final, contra 35% que ainda não tem certeza. Entre os apoiadores de Lula, esse número é de 74% convictos e 25% que não se mostram tão certos.

Ao avaliar os candidatos da terceira via, o quadro é outro. Do total de eleitores de Dória, 73% podem ter outra opção – apenas 27% apoiam em definitivo o governador. Nos apoiadores de Moro, 30% seguem com ele e 70% ainda não estão fechados. E, no caso de Ciro, 43% já se decidiram e outros 53% afirmam que podem mudar.

Na pesquisa estimulada, em que os entrevistados são apresentados aos candidatos colocados até o momento, Lula varia de 45% a 47% e Bolsonaro, de 23% a 26%. Já na pesquisa espontânea, o número de indecisos passou de 52% para 48%, Lula chegou a 28% e Bolsonaro manteve 16%. A pesquisa Genial/Quaest fez duas mil entrevistas entre 3 e 6 de fevereiro e tem margem de erro de dois pontos percentuais.

Em relação à avaliação do governo, Bolsonaro continua com mais de 50% de rejeição — este mês, chegou a 51%, contra 50% de janeiro, mas dentro da margem de erro. Além disso, 80% dos brasileiros desaprovam a maneira como o presidente conduz o combate à inflação; 65% são críticos ao combate à violência; 63% reclamam do combate à pandemia; 62% consideram negativas as políticas de geração de empregos; e 61% consideram negativa a forma como Bolsonaro combate a corrupção. Para 35% dos entrevistados, o maior problema do país neste momento é a economia. Outros 27% dizem que é a saúde.

Metodologia

A Pesquisa Genial/Quaest, que trabalha com metodologia inédita de acompanhamento da opinião pública brasileira, começou em julho de 2021 e se estenderá até novembro de 2022. No total, serão 24 rodadas de pesquisa nacional, cada uma delas implicando em duas mil coletas domiciliares face a face, realizadas nas 27 unidades da federação, abrangendo 123 municípios.

A partir das entrevistas domiciliares, é feita a decupagem, análise e estratificação dos dados por sexo, idade, escolaridade, renda e População Economicamente Ativa (PEA). A pesquisa também recebe tratamento estatístico de pós-estratificação para reduzir as chances de viés de seleção e de não-resposta. Trata-se do primeiro levantamento feito em âmbito nacional que combina coleta domiciliar com modelagem em pós-estratificação.

O nível de confiança da pesquisa Genial/Quaest é de 95%, com margem de erro máxima de 2%, para cima ou para baixo, em relação ao total da amostra.

Na quarta-feira (10/02), às 10h, José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial; Felipe Nunes, coordenador da pesquisa e CEO da Quaest; e Jairo Nicolau, cientista político da FGV; participam de live para comentar o resultado da pesquisa e apontar os dados mais significativos. A transmissão poderá ser acompanhada pelo canal da Genial no Youtube.

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