Influencer da inclusão: Conheça Ivan Baron, o nordestino que vem ganhando a internet de forma educativa e bem-humorada

O jovem cria conteúdos que rompem as barreiras do preconceito e do capacitismo aos seus mais de 180 mil seguidores entre Instagram e Tiktok. “Meu sonho é contribuir com a desconstrução capacitista e puxar a galera com deficiência para o palco. Quando a gente não fala, os outros que escolhem por nós.”

Nascido no Rio Grande do Norte, Ivan Baron, de 23 anos, tem levado sua voz para todo o Brasil. Ainda criança, com apenas 3 anos, ele foi acometido por uma grave infecção alimentar que deixou sequelas: a Paralisia Cerebral, ocasionando deficiência física e mobilidade reduzida. Em contrapartida ao esperado, a condição não limitou o potiguar, que seguiu conquistando seu espaço e levantando a bandeira da representatividade. Hoje com cerca de 60 mil seguidores no Instagram e mais de 120 mil no Tiktok, já palestrou em diversas escolas e, mesmo que não fosse seu objetivo a princípio, tornou- se conhecido como o “influenciador da inclusão”.

“Percebi que a internet era um lugar em que não tinha corpos com deficiência para contarem suas próprias narrativas. Nem passou pela minha cabeça ser um Influenciador, nunca achei que as pessoas teriam vontade de me conhecer ou saber mais sobre Inclusão, e isso tudo era algo plantado pela sociedade capacitista”, conta. Até que em 2018, em meio a diversos movimento sócio-políticos, Ivan começou a usar suas redes sociais para expor sua opinião e experiências e foi percebendo uma resposta cada vez mais positiva. E no caos de 2020, a carreira deslanchou após um vídeo no TikTok sobre sua máscara inclusiva, com o objetivo de ajudar pessoas com deficiência auditiva a lerem os lábios durante conversas.

Capacitismo não é humor

Capacitismo é o termo que designa a discriminação de pessoas com qualquer tipo de deficiência física. Diminuir alguém, achar que a pessoa não é capaz e tratar o outro com diferença. Nada disso cabe no nosso dia a dia e precisa ser cada vez mais combatido. Tais atitudes, quando praticadas com pessoas com deficiência (PCDs) – que representam 24% da população brasileira (45,6 milhões) – ganham o nome de ‘Capacitismo’, um preconceito e opressão que precisa ser cada vez mais discutido.

Para o influencer, “capacitismo é aquela ideia ultrapassada de que apenas corpos e mentes perfeitas são válidos, quem não preenche a esse padrão logo é excluído. Assim como o Racismo e vários outros tipos de preconceitos, ele é estrutural e está a todo momento em manutenção para se perpetuar”. Ivan destaca que não há uma solução única para o problema, mas recomenda ouvir e ecoar as vozes de PCDs, “elas sabem suas reais necessidades e lutas”.

“Comigo já aconteceu diversas vezes de chegar em um local, perceber que não era notado até que eu começasse a falar e me destacar mais do que as outras pessoas, e somente aí prestavam atenção em mim e não no meu modo de andar”, relembra. Além de dar voz a quem tem lugar de fala, Ivan frisa a importância do cuidado com o humor, citando o Capacitismo Recreativo, ou seja, usar deficiências para fazer piadas, o que pode ofender, diminuir e não tem graça.

Na internet, muito se fala sobre “normalizar” situações e condições que estão ou já estiveram em uma zona de preconceito. Para Ivan, não existe o ato de tornar normal o destaque e a presença de PCDs na internet. “Detesto o conceito de normalidade. O que deve acontecer é uma naturalização”. E destaca que a perda no espaço de decisão, visibilidade e representatividade é que foi naturalizada por muito tempo, “até mesmo por nossos pais, familiares e amigos”.

Educação inclusiva

Palestrante em diversas escolas da rede pública, o influencer vai além das telas do smartphone e luta por diferentes bandeiras. Um dos tópicos levantados é a educação inclusiva, em que alunos com e sem deficiências convivem no mesmo ambiente de aprendizado. “A gente precisa misturar sim. O pensamento segregatório precisa ser excluído. Como as crianças ditas ‘normais’ saberão lidar com PCDs quando adultas? O período escolar é fundamental para esse tipo de relação”, afirma Ivan.

Referências e sonhos

Mesmo que a curtos passos, a internet se mostra um lugar cada vez mais inclusivo e com poucas porém expressivas referências entre PCDs. Como suas inspirações, Ivan destaca a humorista Pequena Lô e o influencer Mateus (@vireiadulto). Além disso, afirma se inspirar também em influenciadores de conscientização social, seja de humor ou não, como Maria Bopp e Gabriela Loran.

O maior sonho de Ivan Baron é abrir um espaço único e individual para cada uma dessas pessoas. “Quero puxar a galera com deficiência para o palco. Não posso representar todas elas, cada indivíduo tem sua história e sua própria voz”, finaliza. Foto: Divulgação

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