“Vontade de chorar”, diz aposentado ao conseguir se aproximar da igreja do Bonfim

Cortejo simbólico da imagem do Senhor do Bonfim chama atenção pela ausência dos fiéis

Quem estava acostumado com uma multidão caminhando em direção à Colina Sagrada, se deparou com um cenário vazio e silencioso, não só durante o percurso, como também no entorno da Basílica Senhor do Bonfim. Em frente a igreja era possível contar a quantidade de pessoas presentes, em sua maioria, policiais militares, guardas municipais, e alguns fiéis que não aceitaram a ideia de ficar em casa.

“Já dei as minhas três voltas em torno da igreja, orei e fiz os meus pedidos”, agradece o aposentado José Alves dos Santos, que aos 76 anos já perdeu as contas das vezes que participou das homenagens ao Senhor do Bonfim.

Após 276 anos não houve o cortejo e nem a tradicional lavagem das escadarias da igreja com a presença das baianas. De máscara e com o olhar triste, o aposentado José dos Santos, descreveu o que sentia naquele momento: “este vazio me faz chorar. Precisamos agradecer a Deus por estarmos vivos e pedir saúde para todos vocês”, desabafou e com os olhos cheio de lágrimas retornou para sua casa.

A imagem sagrada do Senhor do Bonfim saiu da igreja de Nossa Senhora da Vitória e percorreu diversos pontos da cidade em carro aberto e chegou à Colina Sagrada por volta das 11 horas. Logo em seguida, após falar com a imprensa, o padre Edson Menezes, reitor da Basílica do Bonfim, proferiu uma mensagem de bênção direto do templo, ato que foi transmitido ao vivo pelas redes sociais e Web TV da igreja e também pelas emissoras de TV e sites de notícias presentes.

“Estamos reunidos no amor de Cristo depois de termos percorrido algumas ruas do Centro de Salvador, conduzindo a imagem do amado Jesus Senhor do Bonfim, pedindo sua misericórdia e proteção neste momento tão delicado, de tantas incertezas, dúvidas e medo que estamos vivendo. Aqui estamos na Basílica Santuário para elevar mais uma vez nossa prece, pedindo pela contenção da pandemia do novo coronavírus e professando para o mundo que abrace a cruz do Senhor do Bonfim, que fortalece a fé, liberta do medo e renova nossa esperança”, pontuou o pároco.

Durante a pregação, padre Edson convocou a todos a fazer um momento de silêncio em memória dos que faleceram pelo coronavírus e depois rezou a oração do Pai Nosso, pedindo pela cura dos que estão infectados, hospitalizados e em isolamento social por conta da doença (Covid-19). Fotos e texto; Ivan Luiz Santana

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