Outubro Rosa: falta de informação ainda dificulta realização da mamografia

Outubro chegou e o rosa já aparece em inúmeras ações, que fazem o alerta da importância de se prevenir e diagnosticar de forma precoce o câncer de mama. O movimento surgiu nos EUA, na década de 90, quando a Fundação Susan Komen promoveu uma corrida pela cura e distribuiu laços cor-de-rosa aos participantes.

Depois desta corrida, o evento passou a ser realizado todo ano e as ações de conscientização se disseminaram ao redor do mundo. Contudo, conforme o ginecologista, obstetra e mastologista, Ionei Gois, apesar do Outubro Rosa trazer uma visibilidade maior para a causa, ainda é grande o número de mulheres que não realizam os exames anuais por falta de informação.

“Apesar de se ter o outubro rosa como um mês para chamar a atenção das mulheres, muitas vezes há um descuido e falta de acesso das mulheres ao exame. Hoje temos uma disseminação cada vez maior da mamografia no sistema público de saúde, mas as vezes esta informação não chega”, comenta o especialista durante entrevista na manhã desta sexta-feira, 5, para o ‘Isso é Bahia’, na rádio A TARDE FM.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), a mamografia é um exame que deve ser realizado anualmente por mulheres acima de 40 anos. Ionei explica que a falta de informação pode acarretar, por exemplo, na mulher fazer o exame um ano e demorar vários anos para fazer o seguinte, além de não realizar também o exame de toque das mamas.

Temor do resultado

Apesar do câncer de mama ter uma chance de cura maior que 95%, caso seja diagnosticado cedo, as mulheres ainda temem pelo resultado do nódulo.

Segundo Ionei, muitas mulheres não sabem que na maioria das vezes os nódulos são benígnos e o tratamento nem chega a ser cirúrgico. “Mas a gente precisa que a paciente que tenha alguma suspeita ou que tenha um nódulo da mama palpável passe por um especialista, para conseguir fechar o diagnóstico como malígno ou benígno e dar um tratamento adequado em tempo hábil”, disse o mastologista.

Pandemia

De acordo com dados da SBM, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) provocou queda de atendimentos em hospitais públicos de pacientes em rastreamento e tratamento para câncer de mama, de cerca de 75% em março e abril, em comparação a igual período do ano passado.

O levantamento abrangeu 11 hospitais públicos de todas as regiões do país, que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas principais capitais. O maior comprometimento na assistência a paciente com câncer de mama foi registrado no Maranhão. No Instituto Maranhense de Oncologia Aldenora Belorá (Cacon), que concentra a maioria das pacientes em tratamento do câncer de mama, apenas 55 pessoas foram atendidas em abril deste ano, contra 442 atendimentos feitos no mesmo mês de 2019, uma redução de mais de 87%.

Segundo o presidente da SBM, Vilmar Marques, isso reflete o sistema como um todo. “Se nós não estamos operando, é sinal que essa paciente não está sendo assistida, porque ela existe, principalmente se nós observarmos os dados do Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (Inca) que apontam que nós vamos ter, este ano, um incremento de 10%. Qualquer redução já é grande”, avalia.

O Inca estima para o Brasil um total de 66.280 casos novos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres.(A tarde)

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