Educadora defende Base Nacional de Formação Docente para valorizar o professor brasileiro

De acordo com o último Índice Global de Status de Professores, do Instituto Nacional de Pesquisa Econômica e Social da Inglaterra, o Brasil é o país que menos valoriza seus professores, entre as 35 nações avaliadas. A pesquisa mostrou ainda que, quanto mais os professores são valorizados, melhor é o desempenho do país no programa internacional de avaliação de alunos, o PISA. Segundo especialistas, essa realidade é fruto de diversos fatores, que envolvem não apenas estrutura e investimento, mas principalmente a formação inicial e continuada desses profissionais.

“A gente vê, pela faixa salarial, pelas condições de trabalho na escola pública, pelo fato de serem muito sobrecarregados na rede privada, que é sim uma profissão pouco escolhida no Brasil, infelizmente. E, por outro lado, temos uma demanda muito grande. Se queremos, de verdade, formar um país e dar um salto para o século XXI na nossa educação, precisamos dos melhores em sala de aula”, explica Julia Andrade, mestre em Educação e fundadora da ATIVA Educação – Abordagem para Tornar Visível a Aprendizagem. Ela ressalta que “nenhuma rede de ensino vai ser melhor que seus professores”.

A coordenadora pedagógica, mestre em Arte e Educação e co-fundadora do Projeto ComPosição: Encontros de formação, Renata Araújo, também acredita que a raiz do problema é o foco em outras áreas da educação em detrimento do professor. “Nós temos, cada vez mais, visto escolas buscando espaço para o seu próprio desenvolvimento e esquecendo que uma boa escola e uma boa formação para os alunos só se fazem com bons professores”, explica a especialista.

Renata pondera que a valorização e o reconhecimento vêm sendo transformados aos poucos, mas acredita que a desvalorização acontece quando há uma tentativa de mudança da escola em relação ao ensino sem um investimento muito significativo na formação do professor. De acordo com a pesquisa Profissão Docente, realizada com 2.160 professores da Educação Básica em todo o Brasil em 2018, 71% dos educadores estão insatisfeitos com a formação inicial, especialmente na prática da profissão, e 69% gostariam de mais oportunidades de formação continuada.

Para Julia, o movimento de transformação precisa ser realizado na prática pedagógica. “Acredito que essa valorização acontece, ou deveria acontecer, em serviço, dentro da própria escola. Então, se os gestores e os coordenadores pedagógicos não dedicam um espaço consistente de formação, de reflexão, de estudo da prática, de construção de documentação que possa ser compartilhada entre os educadores para que se tenha um aprofundamento das reflexões, realmente essa valorização dificilmente acontecerá”, expõe. Ela ainda sugere a criação de uma “Base Nacional de Formação Docente”, para os professores, assim como foi criada a Base Nacional Comum Curricular, que é voltada para o currículo dos alunos.

Categorias: Noticias

Comentários estão fechados