A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu há duas semanas que países façam testes em massa em suas populações para combater a pandemia do novo coronavírus.
O diretor-geral da agência, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que testar qualquer caso suspeito de covid-19, a doença causada por esse vírus, é essencial para identificar e isolar o máximo de pessoas infectadas e saber quem pode ter entrado em contato com elas para que se possa quebrar a cadeia de transmissão.
Um dos melhores exemplos disso veio da Coreia do Sul, que era, há algumas semanas, o segundo país mais afetado pelo novo coronavírus. A Coreia não chegou a entrar em quarentena, como outros lugares do mundo, mas testou milhões de pessoas, o que, junto com outras medidas, reduziu drasticamente o número de novos casos e mortes.
O virologista Anderson Brito, do departamento de epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, diz que a testagem em massa também é necessária para tomar medidas de acordo com o estágio da propagação do novo coronavírus em cada país.
“Sem saber a real dimensão da epidemia, um governo pode agir atrasado ou adiantar medidas drásticas sem que sejas necessárias”, afirma Brito.
O governo brasileiro disse a princípio que estava surpreso com a recomendação da OMS, porque a agência sabe dos gargalos que os países enfrentam para aumentar a testagem.
A brasileira Ana Paula Coutinho-Reyse, que lidera a área de prevenção e controle de infecções do programa de emergências da OMS na Europa, diz que, ainda assim, é essencial fazer isso.
“O teste é o primeiro passo para conter o vírus. É obvio que existem dificuldades para testar todo mundo. Mas não é impossível. O que temos pedido é que os governos identifiquem diferentes modelos de como fazer estes testes”, afirma Coutinho-Reyse.
O Ministério da Saúde anunciou desde então algumas medidas para tentar atender a recomendação da OMS, mas o Brasil não conseguiu até o momento cumprir isso à risca.
O que impede o país fazer testes em massa no momento? E o que vem sendo feito para mudar essa situação?
Materiais para testes estão em falta e com preços inflacionados
Os testes aplicados no Brasil até agora são os chamados testes moleculares, também conhecidos como RT-PCR, que são realizados em laboratório.
As amostras de secreções coletadas do nariz ou da garganta de uma pessoa são colocadas em máquinas que identificam a presença do código genético do novo coronavírus neste material.
Leandro Pereira, gerente-geral de tecnologia de produtos para saúde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), explica que os resultados levam cerca de oito horas para ficarem prontos e que seu índice de precisão é muito próximo de 100%.
“Ele pode ser aplicado desde o início da infecção e é o melhor tipo de teste para fazer o diagnóstico da covid-19”, diz Pereira. (BBC NEWS)