Entre os males do corona, tem a herança maldita no empresariado

Pergunta a Carlos Andrade, presidente da Federação do Comércio da Bahia: se o comércio fecha as portas, obviamente, não fatura, e como pagar as contas?

— Essa é a questão. Tudo isso é coisa nova para todo mundo. Ninguém pode ser o dono da verdade numa circunstância dessa. Estamos em guerra.

Terça passada líderanças de oito entidades empresariais baianas que concentram mais de 95% do PIB estadual se reuniram e produziram duas cartas, uma para ACM Neto e outra para Rui Costa. Elencaram uma série de reivindicações. Até agora, sem resposta.

Boletos — O comércio estima uma perda diária de R$ 108 milhões no pior dos cenários. Pede crédito, suspensão temporária de impostos, flexibilização das dívidas e liberação do 13º para quem ganha até dois mínimos. Carlos Andrade diz entender a situação.

— Nós até entendemos que o momento é de unir esforços para segurar o corona. O problema é que a gente pede hoje e os governos respondem com 40, 60 dias. E os boletos e o vírus não esperam,

Agora, no fim do mês, vem o primeiro grande dilema: o comércio não faturou, e como pagar aos funcionários?

— As soluções vão demandar muita paciência.

O comércio baiano emprega cerca de cinco milhões de pessoas, um terço da população do Estado. Só funcionam farmácias e supermercados. Todos os outros perdem.

— É uma catástrofe.

Fundação de Isidório parada

Prefeiturável em Salvador, o deputado Sargento Isidório (Avante) decidiu entrar no clima de paralisação quase total do corona.

Decidiu não aceitar novos internos na Fundação Dr. Jesus, onde atende 1482 dependentes químicos, e também proibir aglomerações, inclusive na prática de esportes, para os internos.

Isidório, pessoa física, é que não pára. Muito pelo contrário, dizem que ele circula mais que o corona.

Ubatã: prefeita sob suspeita

A prefeita de Ubatã, Siméia Queiroz (PSB), está sob suspeita. Ela própria postou no Twitter que começou a sentir sintomas parecidos com os que são descritos para os infectados pelo corona. Chamou o pessoal da saúde para fazer os exames e está em casa, de quarentena.

Siméia diz que não andou por lugares suspeitos:

— Recentemente estive em Salvador cumprindo agenda da prefeitura. Depois passei a sentir os sintomas.

Turismo, um alento federal

O turismo, um dos setores mais atingidos com a crise do corona, recebeu um alento do Ministério do Turismo, que editou portaria que vai flexibilizar as regras de empréstimos do Fundo Geral de Turismo (Fungetur).

As mudanças permitirão financiamentos disponibilizados a micro, pequenas e médias empresas a juros menores e carência maior. O setor recebeu a notícia como um alento. Bom é a crise passar. Até lá….

Prefeitos dizem que a receita vai cair

Leo de Neco (PP), prefeito de Gandu, um dos mais bem avaliados da atual safra, diz que já está tomando todas as providências para apertar o cinto. Com a crise do corona, as notícias que lhes chegam sobre dinheiro dos repasses são as piores possíveis.

— Fomos informados que conforme algumas projeções da Secretaria do Tesouro a queda no FPM em março vai chegar a 44,5%. Se se confirmar, será muito pesado.

Eures Ribeiro (PSD), prefeito de Bom Jesus da Lapa e presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), diz esperar que vá haver queda, mas não tem notícias de percentuais.

— É uma situação de crise, é uma cadeia. Mas ainda não dá para mensurar o estrago.

POLÍTICA

COM VATAPÁ

Problema sério

Conta Isaac Newton, advogado especialista em direito municipalista, que Aloizio Carneiro, então prefeito de Serrinha, passava um domingo no Jorro, quando um amigo, Israel, o encontrou e falou de uma grande oportunidade, tipo galinha dos ovos de ouro, na área de mineração:

— Estou dentro.

— Mas tem que fazer investimento alto. Caminhões, tratores, britadeiras…

— Fácil. Compre e mande a conta.

Israel correu para Feira de Santana, fechou negócios, procurou Aloísio, só o encontrou na quinta seguinte, apresentou a fatura:

— Amigo, precisamos fechar o negócio.

— Negócio? Que negócio de negócio é esse?

— O da mineração. Acertamos domingo. É alguns milhões, mas a gente tira de letra.

— Amigo, eu estava bebendo domingo?

— Estava.

— Então esqueça, Israel. Eu quando bebo fico rico. Esse é um problema sério que tenho…

Categorias: Noticias

Comentários estão fechados