Consciência Negra: ‘África pode ajudar Brasil a lidar com racismo’, diz embaixadora que atua há 3 décadas no continente

“A escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil”, porque “seu contato foi a primeira forma que recebeu a natureza virgem do país, e foi a que ele guardou”.

Assim sentenciou, em 1900, mais de uma década depois da Lei Áurea, o escritor pernambucano Joaquim Nabuco — que tinha ficado ao lado dos abolicionistas — no capítulo Massangana de seu livro Minha Formação.

Mais de um século depois, a percepção de Nabuco segue viva: o jornalista Laurentino Gomes, por exemplo, que acabou de lançar Escravidão (Globo Livros, 2019), costuma dizer que o Brasil ainda não fez a “segunda abolição” — e nisso ganha o coro de uma das duas pessoas que revisaram a obra: a embaixadora Irene Vida Gala, que chefiou a representação brasileira em Gana entre 2011 e 2016 e atuou por três décadas em missões em Angola, África do Sul, Senegal, Guiné-Bissau, além de dirigir a Divisão de África II (África Austral e lusófona) do Itamaraty entre os governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

Para ela, a “segunda abolição” só terá condições de acontecer quando o Brasil modificar também a maneira como olha para o continente africano. “Normalmente a gente pergunta: ‘O que podemos fazer pela África?’. E eu não quero isso, mas quero pensar o que a África pode fazer pelo Brasil”, diz ela.

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