Vamos ao mote? Por Juliana de Oliveira*

Diz que quer me ver, me encontra, me beija. Mete uma, duas, três vezes e goza. Diz que eu sou gostosa demais, pega no sono e ronca. Acorda e mete uma, duas, três, quatro, cinco. Goza na minha cara, fala que eu sou puta, toma banho e vamos embora.
Eu fico alí, fazendo o papel de sempre. Sendo penetrada por ele, permitindo o encontro casual por solidão. Fingindo ser a vagabunda que não sou e recebendo na cara, o valor que não me dão e eu não me dou.
Não se preocupa se gozei ou gostei. Se gosto de tal posição ou estou me sentido bem. É claro, como poderia se importar, se eu mesma não me importo?
Ele me ligou novamente e eu disse não, ele riu e disse que como eu, existiam outras.
Eu respondi: podem existir outras, mas como eu, será menos uma e desliguei.
Meu corpo não é depósito do seu prazer egoísta. Tomei-o de volta e só volto a dar, se eu gozar primeiro, se eu amar primeiro, se eu estiver em primeiro lugar.

*Juliana de Oliveira é psicóloga, apresentadora do programa Revista Dinâmica ( Rádio Hoje Brasil) e colunista do portal Repórter Hoje
Instagram: @eujulianadeoliveira

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