Vereadora Ireuda Silva encerra o “Novembro Negro” com sessão sobre combate ao racismo em Salvador

Ocorreu na tarde desta quinta-feira (29), na Câmara Municipal de Salvador (CMS), uma sessão especial que discutiu estratégias de combate ao racismo na sociedade soteropolitana. A iniciativa foi da vereadora Ireuda Silva (PRB), atual vice-presidente da Comissão da Reparação e que assume a presidência do colegiado da Mulher a partir do próximo ano.

Compuseram a mesa do evento a secretária municipal da Reparação, Ivete Sacramento; o professor e sociólogo Ailton Ferreira, representando a secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia, Fabya Reis; a delegada Jussara Souza; a representante da Unicef Helena Oliveira; o coordenador do PRB Juventude, Gilberto Barreto Júnior; o radialista Ivan Luiz Santana; e o coordenador da Universal nos Presídios, Pr. Márcio Silva, que foi homenageado pela vereadora.

“Quando chegou o mês de novembro, fiquei pensando no que fazer como representante. Tivemos várias ideias. Mas pensamos em discutir o que trouxe todo esse mal. Lá atrás, no tempo da escravidão, a dor era única, não havia esperança. Mas depois que veio a libertação, a tão sonhada liberdade, nos encontramos ainda com uma dor igual à dos tempos passados. Quando você vai a uma delegacia, o maior número de pessoas ali é negra. E você entende que na maioria das vezes foi a falta de condições que as levaram àquela situação. Quando são negadas ao negro oportunidades de trabalho digno, de ganhar igual, você é conduzido a tudo aquilo que foi discutido aqui”, destacou a republicana em sua fala.

Ivete Sacramento avaliou que o racismo tem várias esferas. “Tem várias formas de ele se comportar, e está aí, todos os dias e todas as horas de nossas vidas para reafirmar que nós negros somos menos competentes. Muitos sabem o quanto nos sentimos incompetentes em determinadas esferas”, disse, destacando que a delegada Jussara foi a única negra a enfrentar a violência policial em Nordeste de Amaralina. “Representamos a existência negra desse país”, afirmou.

Em sua exposição, Ailton destacou as dificuldades relacionadas à discussão e identificação do racismo na Bahia e no Brasil. “Estamos falando aqui de racismo. Quando perguntamos às pessoas se existe racismo, elas dizem que sim. Quando perguntamos quem é racista, as pessoas não sabem quem são. Existe racismo, mas não tem racista. Então existe no Brasil uma dificuldade de se identificar o sujeito e a causa, porque o sujeito é um sistema, um conjunto sistematizado”, pontuou.

Helena Oliveira também se manifestou ao ler uma carta sobre a questão, mencionando a desigualdade social e a pobreza que afetam sobretudo os mais jovens, no Brasil e no resto do mundo. Tanto os componentes da mesa quanto o público firam profundamente tocados e reflexivos. Além dela, a estudante Joseane, do 3º ano do Colégio Estadual Mestre Paulo do Bairro da Paz, também foi à tribuna expor sua visão de jovem mulher negra sobre o assunto.

O evento também contou com uma apresentação do rapper MC Melodia, com a leitura do poema “Carta da Mãe África”, de Gog, por Ludmila Singa, e do grupo de percussão Tambores da Esperança. Fotos: Iuri Pereira / Weidton Santos – Repórter Hoje

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