Seminário sobre folhas sagradas reúne cerca de 180 pessoas na Barroquinha

Cerca de 180 representantes de terreiros de Salvador e Região Metropolitana assistiram, na tarde desta quinta-feira (20), ao seminário “A importância das folhas sagradas: encontro de povos e comunidades de terreiro”, promovido pela Secretaria Municipal de Reparação (Semur), em parceria com a Secretaria da Cidade Sustentável e Inovação (Secis) e com o Conselho Municipal das Comunidades Negras (CMCN).

O seminário faz parte de um projeto que, segundo o subsecretário da Semur, Valcy Silva, visa resgatar as folhas sagradas utilizadas na liturgia do candomblé e em outras religiões de matriz afro-brasileira. A partir do evento e do resultado da pesquisa sobre o tema, disponível no site da Semur, será feito um modelo de jardim étnico racial para ser plantado ainda esse ano em terreiros da cidade. Inicialmente, sete terreiros serão beneficiados, mas a intenção é expandir a iniciativa para um número muito maior.

“Hoje, muitos terreiros têm dificuldade de cultivar essas folhas e a maioria dos seguidores da religião não quer comprar em feiras livres porque não sabem de que maneira foram colhidas e armazenadas. Sem as folhas sagradas, não existe o candomblé, por isso a importância do projeto para o povo de santo”, afirmou Valcy.

Para o titular da Secis, André Fraga, essa foi a primeira etapa de um projeto que futuramente poderá se expandir para toda a cidade. “Nós queremos estruturar uma rede produtora de plantas sagradas na cidade. Para tanto, precisamos dialogar com os terreiros, com as lideranças religiosas, com quem já tem experiência com esses vegetais e saber quais são as espécies mais demandadas, quais são as mais difíceis de encontrar, e esse caminho só pode ser construído em conjunto”, disse.

Medicinal – A professora da Universidade Federal da Bahia (UFBa) Mara Zélia Almeida, que também coordena o Programa de Extensão Permanente Farmácia da Terra da instituição e é orientadora da Escola Nacional de Botânica Tropical, foi uma das palestrantes do evento. Segundo a pesquisadora, as plantas medicinais são de grande importância e precisam ser cada vez mais cultivadas e pesquisadas, com o incentivo da administração pública. “Essa valorização deve ser feita não apenas porque elas são eficazes, pois possuem ação farmacológica, mas porque precisam de cuidados com a coleta, armazenamento e consumo e preservam a cultura de nossos antepassados”.

Em seu livro sobre plantas medicinais, lançado há 18 anos, Mara Zélia apresenta um levantamento cuidadoso de diversos vegetais, com o nome popular, botânico, a origem e indicação. No livro, também é possível ter acesso ao nome de algumas plantas venenosas que não devem ser consumidas.

Categorias: Noticias

Comentários estão fechados