Vacinação contra Covid-19 traz esperança a idosos do Abrigo D. Pedro II

Passear no shopping, rever os amigos, familiares e até o namorado. Estas são algumas das atividades dos 53 idosos do Abrigo D. Pedro II, no bairro de Piatã, que foram interrompidas pela pandemia da Covid-19. No entanto, a esperança de poder retomar a rotina em breve começou a ser concretizada nesta terça-feira (19), com a imunização dos abrigados neste início da campanha de vacinação contra o novo coronavírus em Salvador.

A unidade socioassistencial está entre as 78 instituições que, de acordo com cronograma, vão receber os imunizantes para os assistidos em vulnerabilidade. “Estou muito feliz. Ainda vou tomar a outra dose e, aí, vou voltar a fazer tudo que gosto”, comemorou com um pandeiro dona Margarida Ricarda Santana, 83 anos, que foi a primeira idosa imunizada no abrigo.

De acordo com outra abrigada Maria Lúcia Peçanha, de 74 anos, as preces foram atendidas. “A gente pediu tanto a Deus, e Deus abriu essa porta, a vacina chegou aqui em Salvador. Tomei e não doeu nada, viu? Obrigada por tudo”, declarou animada.

Para o titular da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre), Kiki Bispo, este é realmente um dia histórico. “Iniciamos a vacinação dos idosos do Abrigo Dom Pedro II e estamos com cronograma montado para atender ao todo, através da nossa vacinação, 78 instituições de longa permanência. É um momento marcante, é para comemorarmos”, destacou.

Voltar à rotina – A aposentada Lúcia Peçanha, de 72 anos, contou como está sendo os dias em meio à pandemia. “Os parentes não vêm visitar por causa do vírus. Quando vêm, eles ficam do lado de fora do portão, cumprimentamos de longe. E quando não dá para vir, a gente se fala pelo celular, para saber se está tudo bem. Sei que tudo é para o nosso bem, mas sinto muita falta”, declarou.

A idosa sente também a ausência das atividades externas, como as idas à praia para fazer alongamento e tomar um banho de mar, assim como os almoços às quintas-feiras no shopping, com direito a passear nas lojas para comprar roupa. E, claro, do namorado, Antônio, de 77 anos. “Ele vem aqui na porta, traz fruta para mim, só não deu para sair eu e ele ainda”, lamentou.

Ela revelou o que pretende fazer no pós-pandemia. “A primeira coisa depois? Eu vou ver minha família, minha filha, porque é muita saudade mesmo.”

Sair à rua – Prestes a completar 73 anos, o também aposentado Lázaro Valladares teve sintomas leves da Covid-19. Ele, que se considera rueiro, disse que a rotina e os hábitos mudaram bastante. O fã de Mickey Mouse, que já foi Papai Noel e até Rei Momo nas atividades internas do Abrigo Dom Pedro II, sente falta dos sobrinhos e da irmã, que sempre procura falar por telefone ou chamada de vídeo, e diz qual o seu desejo depois da vacinação.

“Uma vez meu sobrinho veio aqui me trazer uma sandália do Mickey, fiquei muito feliz, mas ele não passou do portão. Não tem o abraço, não tem o aperto de mão, mas sei que depois vai voltar tudo. Quando eu souber que estou imune, quero muito ver meus amigos na Cidade Baixa e meus familiares. Vou soltar a franga por aí”, desabafou. Foto: Vitor Santos/Sempre

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