Morre aos 63 anos, o professore ex-secretário de Cultura, Jorge Portugal

O ex-secretário estadual da Cultura, professor Jorge Portugal, 63 anos, que estava internado em estado grave no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador, morreu na noite desta segunda-feira (03), às 20h15, por falência cardíaca aguda, conforme informado pela assessoria do hospital.

“O Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) comunica, com pesar, o falecimento de Jorge Portugal, por volta das 20h15 (horário de Brasília), de falência cardíaca aguda. O professor e ex-secretário de Cultura da Bahia estava internado na unidade de terapia intensiva (UTI) cardiovascular da instituição. A diretoria do HGRS apresenta sua solidariedade aos familiares e amigos ao tempo que se coloca em oração”, diz a nota da unidade.

Ele, que completaria 64 anos na próxima quarta-feira (5), foi levado ao local no início da tarde desta segunda-feira (3), pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Só durante o trajeto, ele sofreu quatro paradas cardíacas.

Segundo a assessoria da unidade, Portugal foi admitido “em estado crítico” e estava em coma induzido até o início da noite. Assim que foi admitido no hospital, foi colhido material para teste RT-PCR, exame que identifica o novo coronavírus, o que tem sido uma medida protocolar.

Jorge Portugal era também compositor, poeta e apresentador. Natural de Santo Amaro, no Recôncavo, Portugal era um compositor e letrista aclamado, com parcerias de sucesso com Roberto Mendes, em ‘Só Se Vê Na Bahia’, e com Raimundo Sodré, em ‘A Massa’.

Deixou a Secretaria da Cultura da Bahia em 2017, alegando questões pessoais e profissionais. Na TV, foi o idealizador e apresentador do programa “Aprovado”, exibido na TV Bahia.

Emotiva ao atender a ligação, sua esposa Rita Portugal, não pode falar com a reportagem por estar na sala de espera da UTI (Unidade de Terapia Intensiva), onde aguardava mais notícias do marido. “Tô aqui orando”, disse Rita, às 19h50. Menos de 30 minutos depois, veio a notícia de sua morte.

“Presenciei pela primeira vez o que era a criação de uma música através do trabalho dele com Roberto. Foi ali que entendi”, relembra Velloso. “A influência dele em minha música sempre permeia, até quando eu não tenho consciência. Ele tinha uma precisão poética e a Bahia era bem pintada pelas palavras de Portugal. A Bahia vai se empobrecer”, reflete o compositor.

Depois de ter recebido a notícia que ele tinha sido internado, Velloso diz que a música que mais o lembrava de Portugal no momento era “Assim como ela é”, que foi gravada com Roberto Mendes.

O prefeito de Salvador, ACM Neto, lamentou a perda. Segundo o prefeito, “a Bahia e o Brasil perderam um grande mestre da língua portuguesa, responsável pela formação de milhares de estudantes, a quem generosamente ele entregava os seus conhecimentos para que conseguissem passar no vestibular e entrar na faculdade”.

“É um dia triste para a Bahia e para todo o povo de Santo Amaro, cidade onde nasceu. Jorge Portugal, além de um grande professor da nossa língua, foi também um grande compositor, autor de canções que marcaram a música popular brasileira. Quero manifestar a minha solidariedade aos seus familiares e amigos”, acrescentou ACM Neto.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), decretou luto no estado nesta terça-feira (4). “Imensamente entristecidos, lamentamos a morte do ex-secretário de Cultura do Estado Jorge Portugal. Educador, poeta, compositor, Jorge era um homem de múltiplos talentos, exercidos com a energia e a simpatia que inspirava todos à sua volta. Era, antes de tudo, um homem apaixonado pela Bahia e pelo seu povo que estiveram sempre no centro do seu trabalho, fosse como administrador público, professor e artista. Como diz um dos seus versos: “Uma nação diferente, toda prosa e poesia, tudo isso finalmente, só se vê, só se vê na Bahia”. Nossos sentimentos para seus amigos e familiares por essa grande perda”.

O diretor teatral Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), também lamentou a morte do amigo e lembrou que ele é “um cidadão brasileiro, baiano e Santamarense de responsa, esse sempre foi Jorge Portugal. Impossível falar dele sem um sorriso nos lábios, uma leveza na alma e muita poesia no coração. Portugal ressignificou o ensino com sua excepcional verve comunicativa e valorizou, como ninguém, nosso jeito de ver o mundo e se relacionar com ele. Com sua partida, as palavras perdem seu brilho e a nossa língua perde um de seus melhores tradutores. Vá em paz grande mestre!”.(Correio)

Categorias: Destaque

Comentários estão fechados