Reprodução de padrões em que negros sempre foram relegados a posições de servidão, diz Ireuda sobre mulher negra colocada para servir convidados em programa de TV

A vereadora licenciada de Salvador, Ireuda Silva (Republicanos), avalia como sintoma do racismo estrutural a cena de um programa de TV em que a apresentadora, branca, coloca a única mulher negra presente para servir os demais participantes. De acordo com a republicana, a sociedade, com sua cultura eminentemente racista, associa a figura de pessoas negras a posições servis.

“Mesmo que a discriminação não tenha sido intencional, vemos ali a reprodução de padrões histórico-sociais em que mulheres e homens negros sempre foram colocados em atividades de servidão aos brancos. Sempre vimos isso em telenovelas, filmes e livros, e até hoje carregamos a herança maldita do período escravista, na qual muitos negros são relegados a posições hierárquicas inferiores”, pontua Ireuda.

De acordo com a republicana, o apresentador negro demonstrou plena consciência da simbologia racista que a sena trazia, por isso a interrompeu. “Foi uma atitude sagaz, de quem está em constante vigilância contra o racismo. Devemos adotar essa mesma postura constantemente, tanto para impedir injustiças e humilhações quanto para ir desfazendo na mente das pessoas a ideia de que o normal é que os negros sirvam os brancos. É uma das chaves para se combater o racismo em uma perspectiva mais ampla e abrir espaços em outras frentes”, opina.

Ainda segundo a republicana, quase todos os trabalhadores resgatados em situações análogas à escravidão no Brasil são negras. “Por que não são brancas? Porque as pessoas negras estão em uma condição de maior vulnerabilidade e vistas como mais adequadas à exploração. É um sistema sutil cuja perversidade não podemos subestimar”, acrescenta.

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