Brasileiros defendem competência como principal critério para cargos de liderança no serviço público

A maioria dos brasileiros vê clientelismo e despreparo de lideranças no serviço público, além de defender mais transparência, com informações regulares sobre o desempenho das lideranças e dos servidores. Essas são algumas das principais conclusões de uma pesquisa Datafolha que sondou a opinião dos brasileiros sobre funcionalismo público e lideranças. Foram ouvidas 2.072 pessoas entre 9 e 20 de julho.

Encomendada pelo Movimento Pessoas à Frente, um movimento plural da sociedade civil dedicado ao debate sobre a melhoria do Estado a partir da gestão de pessoas que atuam no serviço público, a pesquisa revelou um aumento significativo – de 27% em 2019 para 36% em 2021 – da parcela da população que considera a competência o critério mais importante para a seleção de lideranças. Critério este que ficou acima até mesmo da experiência, defendida como principal critério por 29%.

São critérios que, segundo a maioria dos entrevistados, estão longe de serem priorizados na escolha das lideranças no serviço público. Para 76%, a indicação política é a principal razão para a ocupação dos cargos de chefia. Apenas 23% avaliaram que os líderes são bons exemplos para seus subordinados, enquanto só 7% acreditam que as chefias são ocupadas pelos mais competentes.

Um modelo de recrutamento desses profissionais que equilibre qualificação e confiança é uma das bandeiras do Movimento Pessoas à Frente. As experiências internacionais e nacionais acompanhadas pelo Movimento atestam que os cargos de maior responsabilidade têm grande impacto na qualidade dos serviços públicos.

“Não se trata de demonizar as indicações políticas, que fazem parte da democracia. Mas é preciso ter competências e habilidades para o exercício das funções de liderança. Precisamos fortalecer a discricionariedade ao equilibrar mérito e confiança e lançar as bases para a construção de um sistema de alta direção no Brasil”, defende Weber Sutti, integrante do Movimento Pessoas à Frente.

Recentemente, o Brasil perdeu uma oportunidade de ter uma legislação com mudanças positivas no processo de nomeação para os cargos de confiança no serviço público federal. A Medida Provisória 1042 estabelecia critérios nos processos de seleção dos ocupantes desses cargos, mas a proposta foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Avaliações

Outro ponto de destaque da pesquisa é que, para 85% dos entrevistados, chefes que atuam no setor público devem passar por avaliações periódicas. Praticamente o mesmo percentual, 83%, é favorável à transparência na prestação de informações sobre desempenho dos líderes e dos servidores públicos em geral.

A falta de treinamento foi apontada como entrave à boa prestação dos serviços públicos. Apenas 8% disseram acreditar que todos os funcionários são bem treinados para atender a população, contra 65% que acham que ninguém ou a minoria é bem treinada.

Para o Movimento Pessoas à Frente, uma boa gestão de desempenho, com métricas e metas que reflitam a qualidade das políticas e dos serviços prestados, é chave para a melhorar o Estado. “São as pessoas que fazem o Estado. Identificar, reconhecer e valorizar boas práticas e bons resultados aumenta a motivação e o engajamento. O reconhecimento desses profissionais pela sua competência e pelas entregas que fazem à sociedade vai refletir diretamente na qualidade dos serviços”, destaca Sutti.

Sobre o Movimento Pessoas à Frente

Movimento plural da sociedade civil, dedicado ao debate sobre a melhoria do Estado a partir da gestão de pessoas que atuam no serviço público, o Movimento Pessoas à Frente é financiado pela Parceria Vamos, formada por três organizações do terceiro setor: Instituto República.org, Fundação Lemann e Instituto Humanize.

Fazem parte do Movimento: especialistas, parlamentares, integrantes dos poderes públicos federal e estadual (Executivo, Legislativo, Judiciário e órgãos de controle), sindicatos e terceiro setor com visões políticas, sociais e econômicas plurais.

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