Estudantes de 11 a 18 anos se mostram mais resistentes ao retorno das aulas presenciais, aponta relatório

Levantamento realizado pelo Grupo Rabbit com mais de 200 mil pessoas de todo o país mostra a avaliação de pais e alunos em relação ao desenvolvimento do ensino remoto e à volta às aulas presenciais

A pandemia forçou o uso da tecnologia e acelerou transformações nas salas e nas metodologias de ensino. Se, por um lado, as dificuldades desse período parecem estar caminhando para o fim, por outro, está claro que o ensino remoto ganhou popularidade entre os estudantes mais velhos, e agora eles resistem em voltar à escola. É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Grupo Rabbit, consultoria em gestão escolar, que entrevistou mais de 200 mil famílias entre os meses de maio e agosto de 2021.

A resistência encontra-se no fato de que as famílias começaram a perceber um aumento na qualidade do ensino remoto proporcionada pelas escolas durante a pandemia. “No início, os pais sentiam muita dificuldade em entender os processos pedagógicos da escola no ensino remoto emergencial. Com o tempo, eles também aprenderam a entender e, logo, gostaram”, explica Christian Coelho, CEO do Grupo Rabbit.

Isso refletiu na taxa de aprovação das famílias para esse modelo de ensino, que alcançou uma média de 43% de satisfação entre todas as séries, indicando haver uma melhora no desenvolvimento educacional dos filhos. “Ano passado houve uma complacência com as escolas diante da imprevisibilidade do momento. Neste ano, o nível de criticidade dos pais aumentou e, consequentemente, as escolas tiveram de melhorar a qualidade do trabalho para um consumidor mais exigente”, explica Coelho.

Outro destaque vai para a Educação Infantil, que conseguiu encontrar alternativas para educar as crianças. Para o especialista, os pais tiveram a sensibilidade de compreenderam o esforço das escolinhas em tentar manter um vínculo com as crianças, orientando as famílias sobre como fazer a educação a distância.

Dessa forma, a retomada presencial das aulas tem sido diferente daquela imaginada pelas instituições de ensino. Nos segmentos finais da educação básica, em que o poder de decisão dos alunos é mais compartilhado com os familiares, a volta às aulas presenciais tem sido menor do que nos anos iniciais de estudo.

Cerca de 54% dos entrevistados que possuem filhos no Ensino Fundamental II e Ensino Médio dizem que querem voltar ao modelo presencial. A média aumenta para o Ensino Fundamental I e Ensino Infantil, onde as taxas de intenção chegam a 71% e 89%, respectivamente.

“Isso mostra a efetividade do ensino remoto ou híbrido para essa faixa etária, que se adaptou e se acostumou a estudar dessa maneira. As escolas agora terão de repensar o uso do espaço físico para tornar as aulas presenciais mais interessantes para esse aluno que enxergou valor no ensino remoto”, afirma.

A comunicação como fator de sucesso

A comunicação entre escolas e famílias no contexto virtual foi um dos motivos identificados na pesquisa durante esse momento. As escolas foram levadas a construir canais de comunicação com toda a comunidade mais intensamente, o que tornou sua relação mais próxima das famílias do que era no pré-pandemia. O esforço em permanecer ao lado das famílias durante esse período foi reconhecido na avaliação.

Christian conta que nesse processo de retomada essa comunicação precisa ser ainda mais acentuada, pois toda a comunidade escolar entende que foi uma conquista gerada diante de tantas adversidades. Além disso, para compensar o volume de comunicações negativas – como novos de casos de Covid-19 que possam acontecer dentro dos muros das escolas -, elas também podem utilizar dessas ferramentas para mostrar transparência com todos os protocolos.

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