Número de mortes por paradas cardíacas aumenta durante a pandemia

A pandemia da Covid-19 fez disparar o alarme no mundo inteiro quanto ao alastramento da doença, mas não é apenas o número de casos de infecção pelo novo Coronavírus que trouxe preocupação às autoridades sanitárias. Os efeitos do confinamento para evitar o vírus também fazem extrapolar outras estatísticas.

Uma delas aponta para uma explosão de mortes provocadas por doenças cardiovasculares. Foi o que mostrou um estudo elaborado no fim do ano passado pelas universidades federais do Rio de Janeiro (UFRJ) e de Minas Gerais (UFMG), juntamente com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e com o Hospital Alberto Urquiza Wanderley, localizado na Paraíba.

As mortes por infarto, AVC e por problemas cardiovasculares cresceram 132% em Manaus em comparação com os números de 2019; em Belém, houve um aumento de 126%; em Fortaleza, 87,7%, seguido de Recife (71,7%), Rio de Janeiro (38,7%) e São Paulo (31,1%).

Esses números são ainda mais preocupantes na comparação entre 2020 e 2021. No ano passado, de acordo com registro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, através do Cardiômetro, mais de 380 mil pessoas perderam a vida para alguma doença ou complicação cardíaca. Antes do dia 10 de agosto de 2021, esse registro estava em 243.728 pessoas que não resistiram e vieram a óbito.

Na contramão dos números, a equipe que realizou o estudo observou que a procura por atendimento hospitalar por AVC e ataques cardíacos havia sofrido redução a partir do início da pandemia. Eles concluíram que as pessoas com problemas cardiovasculares estavam morrendo em casa, por medo de ir ao hospital em plena pandemia.

Desfibrilador próximo às vítimas poderia evitar essas mortes

Uma pessoa, com ou sem histórico de problemas cardíacos, pode sofrer infarto ou mal súbito a qualquer momento. Em muitos casos de emergência, a espera pelo atendimento médico é fatal. A solução, que aumenta muito as chances de sobrevivênciade uma pessoa que enfrenta esse tipo de situação, é a utilização do Desfibrilador Externo Automático (DEA) antes mesmo da chegada do resgate. O aparelho funciona justamente no atendimento pré-hospitalar e pode ser usado também por leigos nos locais onde as pessoas sofrem o mal súbito, seja residências, no trabalho ou nos locais de lazer e esportes. O DEA é a solução que pode garantir a sobrevivência da vítima até ao chegada do atendimento especializado.

“O DEA é um aparelho de uso simples, que poderia salvar a maioria massiva dessas vidas que foram perdidas. Ele garante o atendimento rápido que salva vidas, visto que um tempo maior de 10 minutos para início do atendimento à uma vítima de parada cardíaca já pode ser fatal”, explica Tamara Aires, enfermeira especialista em emergências médicas pela rede Mater Dei.

O DEA é um desfibrilador automático, ou seja, é feito para ser usado justamente antes da chegada do médico porque ele realiza o diagnóstico automático da arritmia cardíaca. Então, o aparelho indica e realiza, se necessário, o tratamento da desfibrilação, que reinicia as batidas cardíacas para reverter a parada cardiorrespiratória. “Esse equipamento portátil é capaz de salvar vidas, independente do local onde o paciente estiver. Sobretudo em tempos de pandemia, o desfibrilador é ainda mais essencial para evitar a morte súbita em casa”, esclarece Tamara Aires.

“Não é fácil dizer isso, mas as mortes por doenças cardiovasculares ocorridas em casa durante a pandemia poderiam ter sido evitadas. Um aparelho como esse ainda não é obrigatório em todos os lugares, apenas alguns com maior circulação de pessoas. Mas, em vista desse cenário, e de que 86% das mortes dos parada cardíaca acontecem em casa, com deveria ser obrigatório. Mas é importante lembrar que, ainda que não seja uma obrigação legal, a população deve se conscientizar sobre a importância dessa prevenção”, conclui.(EM – Revista Encontro)

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