Pandemia aprofunda crise social em Salvador

Por Fabio Martins – colaborador do Repórter Hoje

Uma volta por Salvador, principalmente nas primeiras horas do dia, é perceptível em quase todos os bairros o aumento significativo de pessoas em situações de rua. Embaixo de marquises, viadutos, praças e em portas de lojas, pessoas fazem da rua um lugar de moradia temporária, se expondo a riscos como doenças e violência. O levantamento mais recente é o do Projeto Axé, que revelou, em 2017, pelo menos 17.357 pessoas vivendo nas ruas. A prefeitura de Salvador por meio da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) está tentando atualizar esses números por meio de um censo próprio, que até o momento levantou mais de cinco mil pessoas em situação de rua. Tudo isso para aprimorar as políticas públicas hoje aplicadas na capital baiana.

Cristiane Oliveira, 40 anos, há quatro vivendo nas ruas. Foto: Fabio Martins

“Daqui eu não saio, ao menos que alguém me dê um teto, um trabalho e ter dignidade”, diz Cristiane Oliveira, 40 anos , conhecida na localidade como Gaguinha, que há quatro anos ocupa um pequeno espaço embaixo do viaduto do Aquidabã. A mesma conta que tinha uma vida estável, mas que com as dificuldades foi parar nas ruas “Eu não moro com minha filha pra não estar sugando, ela trabalha o dia todo pra ganhar só 40 reais”. Cristiane conta ainda que passou a usar crack e que seu sonho também é ir para um centro de recuperação.

Para auxiliar pessoas como Cristiane, a prefeitura tem disponibilizado locais de atendimento como o Centro POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua), que oferece refeições, local para banho e lavagem de roupa, além de apoio jurídico e psicológico. “A prefeitura faz um trabalho impressionante conosco, com saúde, os Pops, dá caixa de isopor, já vi muita gente ter a vida organizada através deles”. Há ainda locais de acolhimentos temporários como as 5 Unidades de Acolhimento Emergencial (UAE) e as 12 Unidades de Acolhimento Institucional (UAIs).

Embaixo do viaduto do Aquidabã tem sido a moradia de dezenas de pessoas. Foto: Fabio Martins

PANDEMIA- Assim como Cristiane, nenhuma das pessoas vistas nessa reportagem usavam máscara. A entrevistada nos demonstrou algo preocupante, a resistência a vacinação, que tem sido polêmica na sociedade: “Eu não acredito nessa doença, jamais injetarão a seringa em mim ou irei ao hospital”, diz Cristiane. Mesmo estando dentro da prioridade do Plano Nacional de Imunização (PNI), Cristiane nos contou muitos motivos sem base cientifica e conspiratórios para não querer ser imunizada. A Sempre (Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer) nos informou que busca, desde o inicio da pandemia, orientar e sensibilizar as pessoas em situação de rua por meio das equipes do SEAS (Serviço Especializado em Abordagem Social) quanto a sua proteção, higiene e da necessidade da vacinação em parceria com o Consultório nas Ruas e Prefeituras Bairros. A vacinação efetiva fica sobre a responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde.

Onde levar pessoas em situação de rua:
Centro Djalma Dutra
Avenida Djalma Dutra, n° 128, Matatu
Centro POP Itapuã
Av. Dorival Caymi, nº 635, Itapuã
CENTRO POP Mares
Rua do Imperador, 56, Mares
Centro POP Dois de Julho
Rua Augusto França, 125 – Dois de Julho

A reportagem procurou a Sempre (Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer) para contribuir com atualizaçao dos dados desta matéria, mas até a publicação da mesma não houve retorno. (Todas as fotos da matéria são de Fabio Martins)

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