Mais da metade dos estudantes brasileiros estão mais ansiosos, tristes e dependentes dos pais

Pesquisa C6 Bank/Datafolha aponta também que 89% das crianças e adolescentes passaram a usar mais eletrônicos durante a pandemia

Os 15 meses de pandemia mudaram profundamente a rotina das famílias brasileiras, com impacto direto sobre o comportamento e a saúde mental de crianças e adolescentes. A pesquisa C6 Bank/Datafolha divulgada hoje mostra que sete em cada dez estudantes com idade entre 6 e 18 anos estão mais dependentes dos pais e 89% passaram a usar mais celulares, computadores, TVs e videogames. Eles estão mais ansiosos (64%), mais tristes (52%), ganharam peso (54%) e se sentem sozinhos (45%).

As entrevistas foram realizadas entre os dias 10 e 14 de maio, com 2079 pessoas com mais de 16 anos, de todas as classes sociais e regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Do total da amostra, 744 entrevistados têm filhos com idade entre 6 e 18 anos. Esse estudo faz parte de uma série de pesquisas encomendadas pelo C6 Bank para entender os impactos da pandemia no país sob diversos aspectos.

O levantamento feito pelo Datafolha aborda com os pais e responsáveis aspectos psicológicos e de comportamento relacionados aos estudantes, que no último ano foram afastados dos amigos, da escola e de familiares, mas também aponta os efeitos do ensino a distância nesse período. A pesquisa indica que 46% das crianças e adolescentes estão com dificuldade de aprendizagem. Esse índice é maior entre meninos e meninas de 6 a 10 anos (53%) do que entre jovens de 16 a 18 (41%). No total, dois em cada cinco relatam perda da capacidade de concentração.

Os dados também refletem as diferenças entre as redes pública e privada no país. Enquanto 36% dos alunos de escolas públicas dizem ter perdido o interesse pelos estudos, esse percentual é de 28% entre estudantes de escolas privadas. Nesse grupo, a aprovação do ensino a distância também é maior (43%) do que entre alunos de escolas públicas (37%). A maior disparidade, no entanto, está nos impactos da interrupção da merenda escolar. A alimentação de 11% dos alunos de escolas públicas piorou sem as refeições oferecidas pela escola, enquanto entre estudantes do ensino particular esse percentual é de 4%. “As diferenças de resultados entre alunos de escolas públicas e privadas é preocupante e configura mais um sinal do aprofundamento das desigualdades gerado pela pandemia em um país já tão marcado por contrastes sociais e econômicos”, afirma o diretor de pesquisas do Datafolha, Alessandro Janoni.

Em maio, quando a pesquisa foi realizada, 27% dos alunos brasileiros de 6 a 18 anos tinham retomado as aulas presenciais. Entre estudantes de escolas particulares esse índice é de 55% e nas escolas públicas, de 22%. Quando questionados o que impediu o retorno à sala de aula, 65% dos entrevistados afirmaram que não voltaram porque a escola não reabriu. Outros motivos também foram apontados como o agravamento da pandemia (13%), evitar o risco de contaminação por coronavírus (7%), criança ou adolescente está com problema de saúde (6%) ou porque a escola não garante a segurança de todos (6%). Segundo o levantamento encomendado pelo C6 Bank, 91% das crianças e adolescentes de 6 a 18 anos matriculados na escola tiveram ensino remoto no último ano.

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