Polícia apreende adolescente com intenção de atacar escolas em Goiânia

Na manhã desta quinta-feira (27/5), os policiais civis da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Goiânia (GO) detiveram um adolescente de 16 anos em Goiânia, que manifestou a intenção de atacar escolas da capital. Os agentes cumpriram um mandado de busca e apreensão na casa do jovem.

A operação contou com apoio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC) e da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça, por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas.

Assim como no caso da jovem de 19 anos do Recanto das Emas suspeita de planejar ataque a uma escola pública da região administrativa, a investigação teve início por meio de monitoramento da Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations ou HSI, em inglês) da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Ainda não há informações sobre se há ligação entre os casos.

Racismo e nazismo
Após troca de mensagens indicando a intenção de ataques a escolas de Goiânia, o adolescente foi apreendido nesta quinta (27/5), por ato infracional análogo ao crime de racismo. Segundo a delegada da DPCA de Goiânia, Marcella Orçai, o jovem se autointitulou nazista e disse “confiar mais em brancos”. O adolescente também afirmou aos agentes que o ataque a escola era uma brincadeira feita com um amigo.

No aparelho celular do jovem, a Polícia Civil goiana encontrou inúmeros indícios de participação em grupos que planejam massacres a escolas, além de apoio a ações e doutrina nazista. Também foram encontrados anotações e desenhos feitos à mão, de cunho violento e enaltecendo o nazismo por meio de dizeres e símbolos — como a suástica. Durante as buscas, foram apreendidos pela DPCA de Goiânia dois celulares.

A delegada Marcella Orçai afirmou que a polícia trabalha com a hipótese de que o adolescente tinha a intenção de atacar escolas da capital goiana. “O menor mantinha conversas que apresentavam perigo a escolas, inclusive enaltecendo pessoas que realizaram massacres em escolas, como Realengo (RJ), tendo-as como heróis”, explicou.

Segundo a delegada, a DPCA de Goiânia foi acionada pelo Ministério da Justiça. “Identificamos o menor e realizamos busca e apreensão. Na casa, encontramos desenhos feitos por ele com símbolos nazistas e racistas, e apreendemos dois celulares, repassados à perícia”, continua a delegada.

Com a análise pericial, a intenção é identificar suposta rede de pessoas com o mesmo objetivo. “Nacionalmente, operações realizadas em conjunto com o Ministério da Justiça têm tido resultados positivos. Embora o adolescente não tivesse nenhuma arma, ele tinha, indiretamente, acesso a material bélico”, acrescentou a delegada, sem apresentar mais detalhes.

Foi lavrado um Boletim de Ocorrência Circunstanciado (BOC) em desfavor do jovem na DPCA e ele foi encaminhado à Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais (Depai ) para os procedimentos de praxe. As investigações seguem na DPCA para identificação de possíveis outros autores de crimes de racismo e terrorismo.

Marcella Orçai informou que, na Depai, o adolescente passará por avaliação psicossocial. “Na DPCA, a investigação foi finalizada e entregue à Depai. Com o resultado da perícia dos celulares, haverá continuação do inquérito na DPCA, para localizar outras pessoas com as mesmas intenções”, completou a delegada.

Busca e apreensão
De acordo com Marcella Orçai, a família do adolescente não esperava a ação. “A família sempre se surpreende. São crimes cometidos em casa, mas dentro de um quarto e, nesse caso, através de uma tela de celular. A família acompanhava o adolescente e tinha o cuidado de conversar e orientá-lo”, afirmou a delegada, acrescentando que pais e responsáveis com filhos menores de idade com celulares na mão precisam ficar atentos ao uso que o jovem faz do aparelho. “Esse menor mantinha perfis na internet de cunho racista e nazista”, completou.

Para a delegada, os delitos cometidos pela internet são tão preocupantes quanto aqueles feitos fora do meio digital. “São crimes graves e, conforme temos visto, essas ações estão sendo reprimidas com o rigor da lei. Se alguém acha que esse tipo de atitude, com perfis falsos, é brincadeira, está enganado. Existem maneiras de chegar [à pessoa], como temos mostrado”, alertou.(CB) Foto: PCGO/Divulgação

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