Brasileiros fazem ato de luto por mortes de Covid-19 e protestam contra Bolsonaro em Madrid

Apesar da chuva fina e intermitente, que afastou os tradicionais frequentadores do Parque Madrid Rio, no bairro de Arganzuela, zona Sul da Madrid, representantes da comunidade brasileira na cidade fizeram um ato de luto simbólico pelas vítimas da Covid-19 no país no início da tarde de hoje (13 horas em Madrid, 8h no Brasil). O ato, a que compareceram mais de uma dezena de brasileiros vestidos de preto, foi também um protesto direto contra a má condução da pandemia por parte do Governo Federal e, especificamente, do presidente Bolsonaro, acusado de genocídio. O evento foi organizado pelo Coletivo pelos Direitos do Brasil em Madrid e apoiado pelos coletivos brasileiros Luto pela Vida, Segura a Onda, Memorial das Vítimas de Covid-19 e Rede de Apoio às Famílias das Vítimas de Covid-19.

Um dos gramados do parque, na beira do rio Manzanares, foi coberto de cruzes pretas com o número de mortos no Brasil e em cada um dos Estados e Distrito Federal. Além de um cartaz com “Bolsonaro Genocida”, os manifestantes portavam uma bandeira brasileira em tons de cinza e preto e onde o lema “ordem e progresso” foi substituído por “basta de genocídio”. Ao som de músicas fúnebres e de protesto brasileiras, foi lido um manifesto elencando alguns dos exemplos da má condução da pandemia por parte de Bolsonaro: chamar a pandemia de “gripezinha”, recusa inicial a comprar vacinas, tentativa de impedir Estados e Prefeituras de imporem confinamentos, condenação do uso de máscaras, promoção de aglomerações e imposição de uso de medicamentos comprovadamente ineficientes contra a doença.

Rose Maloka, uma das organizadoras, citou a pesquisa do Centro de Pesquisa e Estudos de Direito Sanitário (CEPEDISA) da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e da Conectas Direitos Humanos, que revelou a existência de uma estratégia institucional de propagação do vírus promovida pelo governo brasileiro. “A produção de portarias, medidas provisórias, resoluções, instruções normativas, leis, decisões e decretos do Governo Federal, assim como as falas públicas do presidente seriam responsáveis pela atual situação do país. São muitas as vozes no Brasil que qualificam a política de Bolsonaro como uma política de extermínio e genocida”, afirmou ela. Também lembrou que hoje “o Brasil é um país isolado e sua população vive uma falta total de perspectiva de futuro, sem ter um horizonte sobre quando vai sair deste caos, muito menos sobre que país vai restar depois”.

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