Cancelamento do Carnaval suspende campanha “Meu corpo não é sua fantasia” e Ireuda Silva alerta para índice de feminicídios: “Precisamos parar esse massacre”

Por dois anos seguidos, a campanha “Meu corpo não é sua fantasia” percorreu os circuitos do Carnaval de Salvador alertando sobre assédio sexual e violência contra a mulher. Por conta da pandemia do novo coronavírus, a folia e o projeto foram suspensos em 2021, mas isso não significa que o debate sobre o tema deva parar.

Pelo menos 67% das vítimas de violência no país são mulheres, o que mostra o quanto essa parcela da sociedade está vulnerável. Na Bahia, dados oficiais revelam que uma mulher é agredida a cada 56 minutos. E, segundo a organização internacional ActionAid, 86% das brasileiras já sofreram assédio em público. Outra pesquisa, realizada em 2019, aponta que 97% das mulheres dizem já ter sofrido assédio sexual nos transportes público e privado no país.

Quando o recorte é feito em relação às mulheres negras, os dados mostram-se estarrecedores. A mulher negra, por exemplo, é a maior vítima de estupro no Brasil. “Nos últimos 10 anos, o assassinato de mulheres brancas diminuiu 9,6% e o de mulheres negras aumentou 54,8%. Mesmo assim, o racismo invisibiliza completamente essa realidade, como se a vida dessas pessoas não tivesse qualquer valor. Precisamos parar esse massacre”, diz a vereadora Ireuda Silva (Republicanos), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.

Para a republicana, existe uma cultura do estupro no Brasil que vitimiza muito mais as mulheres negras por ter raízes no período escravocrata. “Naquela época, as escravas sofriam estupros constantes de seus senhores, dos quais eram literalmente propriedade. Até hoje, a mulher, sobretudo a mulher negra, continua a ser tratada de forma inferior e como propriedade”, analisa.

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