Líder da oposição na Câmara de Salvador, a vereadora Marta Rodrigues (PT) disse que é preciso uma frente parlamentar em todo o país para cobrar o cancelamento do Enem, cuja realização da primeira etapa no último domingo mostrou a inviabilidade de sua continuação, com o maior nível de abstenção da história do exame, de 51,5% dos inscritos, em meio a pandemia.
“Recebemos a excelente notícia que esperávamos que é a chegada da vacina, graças ao esforço de governos responsáveis. O governo federal tem que se preocupar, nesse momento, em vacinar toda a população. É saudável para a democracia, para a universalização do ensino, que o Enem seja adiado e realizado quanto o País estiver preparado”.
Segundo Marta, a manutenção do Enem vai causar ainda mais exclusão social no ensino superior, pois além da pandemia, a maioria da população carente não teve acesso a sala de aula como deveria e não está preparada para o exame, ao contrário de parte que estuda em colégios particulares ou que puderam ter acompanhamento.
“È inconcebível a realização deste exame e a primeira etapa mostrou isso. Ele é de extrema importância para levar jovens negros e de classe baixa ao ensino superior, aumentando oportunidades. Promovendo o negacionismo sempre presente em relação à pandemia, o Ministério da Educação passa por cima da saúde dos inscritos, desobedece recomendação da Defensoria Pública da União e de todos os órgãos fiscalizadores, a exemplo dos Ministérios Públicos, que se mostraram contrário. Agora, a pressão precisa ser de todas e todos, dos legislativos e dos executivos”, declarou.
Pandemia – Marta frisou, ainda, que é a população negra a mais vulnerável a Covid19, e também, a maior parte dos inscritos no Enem, dos funcionários que fiscalizam, que trabalham na limpeza, na portaria e todos os envolvidos no processo. “São pessoas se movimentando para o mesmo local, no transporte coletivo, colocando todos em risco por causa do autoritarismo do MEC.
De acordo com o estudo da Fundação Getúlio Vargas e da Fiocruz, as mulheres negras são as que mais têm medo de pegar a doença (84,2%). 58,7% sentem mais desespero em lidar com a crise 38% declararam ter sofrido assédio moral durante a pandemia.