Comércio vai buscar alternativas para fisgar consumidores que pararam de consumir

Shoppings e lojas de rua fechados, pouca circulação de pessoas nas ruas e, principalmente, consumindo, fazendo a economia girar. Assim, muitos negócios foram encerrados e empregos foram perdidos. Assim como para diversos setores da economia, o cenário para o comércio em Salvador e na Bahia foi desastroso nos primeiros meses da pandemia do novo coronavírus. Porém, passados mais de seis meses da crise, o segmento já tem perspectivas de um novo horizonte, ainda mais com a retomada das atividades que ficaram durante muito tempo sem operar.

Os resultados, inclusive, já podem ser percebidos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já em agosto, as vendas do varejo na Bahia cresceram (8,5%) frente ao mês anterior, na série com ajuste sazonal. Foi o quarto avanço consecutivo nessa comparação, após as duas quedas históricas registradas em março e abril. Além disso, no acumulado entre março e agosto deste ano, as vendas já crescem 4,9% no estado.

Há também que se destacar, na comparação com agosto de 2019, as vendas na Bahia também mostraram crescimento (6,7%). Nessa comparação com o mesmo mês do ano anterior, foi o primeiro resultado positivo depois de cinco retrações seguidas e o melhor mês de agosto para o varejo baiano desde 2012, quando as vendas haviam crescido 10,9%. O avanço baiano (6,7%), naquele mês, ficou um pouco acima do resultado nacional (6,1%).

“O varejo, principalmente, teve de se reinventar com essa crise. Os efeitos do necessário isolamento social impactaram diretamente no nosso setor, que amargou prejuízos históricos a partir de março e agora passa por uma lenta caminhada em direção a uma recuperação. A digitalização do negócio foi mandatória e muitos varejistas tiveram de investir em marketplace, canais omnichannel, entre outras inovações, de forma muito rápida para conseguir sobreviver”, analisou Carlos Andrade, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA).

De acordo com ele, para o pós-pandemia, o principal desafio, para as empresas do setor, é buscar alternativas promocionais no sentido de fisgar aquela parcela de consumidores que fizeram e ainda fazem uma espécie de ‘poupança forçada’. “Já que foram impedidos por meses de circular e, consequentemente, de consumir itens do varejo não essencial. Esses recursos têm que ser revertidos para o comércio por meio do consumo, impulsionando a recuperação econômica, geração de renda e de empregos”, comentou o dirigente.

“Penso que essa visão estratégica de investir em promoções tem que começar desde já, antes da ameaça de uma possível “segunda onda” do coronavírus e antes do término do auxílio emergencial, já reduzido pela metade, e que contribuiu bastante para que a queda nas vendas não fosse ainda maior”, acrescentou o presidente da Federação, que ainda citou o fechamento 6 mil pontos de venda em todo o estado, durante o segundo semestre de 2020. A Bahia foi a unidade federativa que mais sentiu os impactos da crise provocada pela doença.

“Mas estamos começando a enxergar luz no fim do túnel, a economia vem se recuperando aos poucos e, para se ter uma ideia, as vendas no comércio varejista registraram em julho um crescimento de 9,7%, frente ao mês anterior, após aumentos de 7,7% e 11,1%, em junho e maio de 2020”, disse.

Para uma retomada plena do setor, outra adversidade a ser vencida pelos empresários do setor está, segundo Andrade, no constante investimento na modernização do negócio visando atender a um consumidor cada vez mais exigente e conectado. “Também há a eterna busca pelo crédito, que no nosso país, é historicamente de difícil acesso a quem mais precisa dele: o médio, pequeno e micro empresário. Nesse sentido, uma das bandeiras de luta da minha gestão à frente da Federação é justamente essa, lutar para que as instituições bancárias, especialmente os bancos privados, desistam de lucrar incessantemente e ajudem o empresário a atravessar essa fase”, afirmou Carlos de Souza Andrade.

AGENDA PROPOSITIVA

Já de acordo com o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas da capital baiana (CDL Salvador), Alberto Nunes, a perspectiva é retomar a normalidade o mais breve possível, de forma completa. Ele defendeu uma participação mais forte do governo neste sentido, dando incentivo às empresas, para as que elas possam voltar a ganhar corpo novamente.

“O comércio foi um dos setores que foi mais prejudicado com a pandemia. A nossa perspectiva é retomar a normalidade o mais breve possível, de forma completa. Com a reabertura, o setor já começou a reagir, mas ainda é pouco. O que nos cabe já estamos fazendo com campanhas, ações promocionais, apoio ao setor. Sabemos que o período pós-pandemia será custoso para todos e, por isso, defendemos uma agenda propositiva também dos governos. O papel do governo é fundamental, com ação forte, inclusive com aprovação de reformas, desburocratização, incentivos e apoio aos micro e pequenos”, disse Nunes.

Com relação aos prejuízos, ele citou uma pesquisa interna, feita pela instituição, a qual mostrou que 45,6% das associadas da Câmara tiveram faturamento muito reduzido durante a pandemia e apenas 3,5% declararam aumento de faturamento no período. Desta forma, segundo ele, o principal desafio é recuperar a confiança do empresário e do consumidor, que estão abaladas. “Aspectos como desemprego e inadimplência também preocupam uma recuperação sustentável. Por isso, as decisões de governo são tão importantes”, pontuou o presidente da CDL.

Ainda segundo Alberto Nunes, as empresas do segmento já estão se preparando para o período pós-pandemia. “Enquanto não superamos a pandemia, o setor cumpre exemplarmente todos os protocolos. Mostramos que o segmento do comércio pode ajudar, é solução e não problema. As organizações de defesa do segmento não pararam durante todo esse tempo, atuando, trabalhando, reunindo, cobrando das autoridades, apoiando os comerciantes, especialmente os pequenos”, finalizou.
(Tribuna da Bahia) Foto: Romildo de Jesus / Tribuna da Bahia

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