Exemplo de Maria Felipa é destacado em videoconferência

A história não reserva lugar de destaque para as mulheres no Brasil, sobretudo as negras. Felizmente, dentre as heroínas baianas, Maria Quitéria e Joana Angélica foram retratadas nos livros por lutarem contra as tropas portuguesas na Independência da Bahia. Já a marisqueira Maria Felipa nunca foi reconhecida à altura. Em homenagem a essa guerreira a Câmara Municipal debateu o tema “Maria Felipa, Rebeldia da Mulher Negra”, no webinário virtual promovido pela diretora da Escola do Legislativo, vereadora Marta Rodrigues (PT).
O evento, na tarde de sexta-feira (16), teve a participação do Centro Educacional Maria Felipa, Conselho Estadual da Mulher – Conem, o Coletivo de Entidades Negras, professores e artistas plásticos.
“É um momento que vai ficar registrado na nossa memória. A luta antirracista é um compromisso de luta de todos e todas. No Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, vamos homenagear Maria Felipa e Dandara dos Palmares. A proposta da Conem de colocar o nome da heroína na ponte Salvador-Itaparica já está protocolada. Essa ação dará visibilidade e reconhecimento a Maria Felipa”, declarou Marta Rodrigues.

Sem fotos nos livros

A deputada federal Lídice da Mata (PSB) disse que Maria Felipa para sempre será uma mulher inspiradora: “Ela inspira a mulher brasileira que luta por um salário melhor; a que tem um cabelo rasta e crespo e diversas outras”. Ela, que foi a única prefeita de Salvador, criticou a falta de mulheres administrando a capital baiana.
Gildete das Virgens, professora de química da Ufba, explicou que o trabalho ajuda as mulheres a saírem da depressão: “Nós trabalhamos com artesanato, reciclagem, meio ambiente de forma geral. Temos um grupo de mulheres da terceira idade que saíram da depressão com esses tipos de trabalho”. Ela ressaltou que o projeto não tem fins lucrativos.
Sandra Oliveira, diretora pedagógica do Centro Educacional Maria Felipa, explicou que desenvolve na escola o projeto Julho das Pretas, com o objetivo de ensinar às crianças quem foi Maria Felipa e incentivar os meninos a respeitarem as meninas desde cedo.
Railda Machado, gestora da Escola Maria Felipa, explicou que as mães se destacam: “A maioria dos responsáveis é formada por mães solo, negras e pobres, guerreiras como Maria Felipa. Vão às reuniões, levam e buscam seus filhos. Raramente temos a figura de um pai representando essa criança”.
A artista plástica Filomena Modesto Orge, autora do retrato da heroína Maria Felipa, explicou como foi feito e chamou a atenção sobre o respeito que se deve ter ao relembrá-la fisicamente: “É um trabalho feito a lápis, de grafite sobre papel. Nos livros que me apresentaram não tinha nenhuma foto dela, só as características físicas. Então, foi um rosto sentido e inspirado. Em umas dessas TVs retrataram Maria Felipa como uma mulher magra, eu liguei informando que ela era gorda, forte e corpulenta. Isso distorce uma árdua pesquisa que foi feita”.
Participaram também do evento Tereza Valadares e Jussara Santana, ambas da Associação Maria Felipa de Itaparica, a professora da Ufba Eny Kleyde Farias, Gilberto Leal da Conen, Clovis Sacramento da Silva – da Loja Maçônica Maria Felipa de Oliveira, a cantora Rita Braz e a poetisa Olívia da Cor do Ébano.

A heroína – Nascida na Ilha de Itaparica (data incerta – 4 de julho de 1873), foi uma mulher negra escravizada, que conseguiu sua liberdade e atuou como marisqueira, pescadora e trabalhadora braçal. Os historiadores dizem que aprendeu a lutar capoeira para brincar e se defender. Acredita-se que ela queria um Brasil livre da dominação portuguesa, responsável pela escravidão do povo africano e seus familiares. Lutou contra a independência da Bahia liderando um grupo de mulheres contra os soldados portugueses.

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