Ouvidoria discute impactos da pandemia em pessoas com HTLV

Para marcar o Dia Municipal do Enfrentamento à HTLV (28 de setembro), a Ouvidoria da Câmara Municipal realizou, em parceria com a Associação HTLVida, audiência pública virtual, na tarde de quarta-feira (30), tendo como tema os impactos da pandemia da Covid-19 no tratamento das pessoas que convivem com o vírus em Salvador. A iniciativa foi da vereadora e ouvidora-geral Aladilce Souza (PCdoB).

“É necessário este debate, pela luta que essas pessoas representam, pela energia que inspiram. O que a gente não comunica, fica na invisibilidade. E isso também é informação para os profissionais de saúde, já que tem muitos médicos que não sabem a gravidade dessa doença”, alertou Aladilce Souza. Ela se comprometeu a cobrar do secretário de Saúde e do prefeito ACM Neto que garantam a vida dessas pessoas. “É preciso também que as escolas trabalhem com essas informações”, acrescentou.

Grupo de risco

Francisco Daltro Borges, presidente da Associação HTLVida, explica que as pessoas que convivem com o vírus estão dentro do grupo de risco da Covid-19:“As dificuldades de saúde para essas pessoas aumentaram: problemas emocionais, de bexiga e outros, pela falta de assistência devido à pandemia. Se não fosse a assistência virtual, o Hospital das Clínicas e o Hospital Sarah, estaríamos pior”.

Cristiane Magali dos Santos, representante da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, apresentou dados mostrando que a capital baiana se destaca na incidência da doença. “Tivemos um resultado de levantamento feito em 2019, com quase 2% de pessoas infectadas, com destaque para Barreiras, Salvador, Ilhéus e Itabuna”, explicou Cristiane, que ainda elogiou o trabalho do SUS durante a pandemia.

Para Lucas dos Anjos, representante da Secretaria Estadual de Saúde, os profissionais da área não dominam as informações do HTLV, o que agrava a situação:“Muitos médicos não são formados ainda para compreender a gravidade dessa doença. Têm sempre aquele vício de olhar só uma demanda de saúde”.

Para Adijeane Oliveira, integrante do HTLVida, é preciso diminuir o distanciamento através da tela de consulta. “A falta de medicamentos e insumos triplicou”, afirmou.

Daniela Cardoso e Sandra Gargur, representantes da Secretaria Municipal de Saúde, salientaram que muitas coisas têm melhorado, mas que é preciso avançar. “Temos um serviço onde pacientes podem fazer um acompanhamento mais focado da HTLV, mas é preciso melhorar”, reconheceu Daniela. Sandra completou: “Conseguimos implantar serviços de referência e capacitar profissionais com um olhar diferenciado. Temos vagas para contratar infectologistas.Quando faltar em utensílios, nos solicitem para que a gente possa resolver”.

Para Bernardo Galvão, médico e coordenador do ambulatório de HTLV da Escola Bahiana de Medicina, as campanhas de uso de preservativos não estão funcionando. “O que falta é uma iniciativa global de atores, um projeto para que possamos erradicar esse vírus”, sugeriu. Para Aidê Nunes da Silva, professora de enfermagem da Escola Bahiana de Medicina, é preciso despertar a sociedade através da difusão de informações.

Nivânia Pereira, representante da HTLVida, explicou como a informação a ajudou a controlar a infecção vertical durante sua gestação: “Minha avó passou o HTLV para minha mãe e minha mãe passou para mim. Buscando informações consegui que essa doença não chegasse para meu filho”.

O vírus – Conhecido desde 1980, o HTLV é um vírus T-linfotrópico humano, da mesma família do HIV, causador da AIDS, que impacta nas células importantes em defesa do organismo. É transmitido através de relações sexuais desprotegidas, na gestação, durante o aleitamento e no parto, além de transfusões de sangue e do compartilhamento de seringas, agulhas, alicates de unha e outros utensílios.

O debate foi transmitido ao vivo pela TVCam, canal aberto e digital 12.3, na Rádio 103.5 FM, pelo portal (www.cms.ba.gov.br), e também pelo Facebook da Câmara.

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