Objetivo de tentar me enfraquecer, diz advogado de Lula sobre bloqueio de bens

O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, determinou o bloqueio de R$ 237,3 milhões em bens do advogado Cristiano Zanin e do escritório dele com o também advogado Roberto Teixeira. Eles são defensores do ex-presidente Lula em diversos processos na Justiça.

A decisão foi tomada por Bretas, no dia 1º de setembro, no âmbito da Operação E$quema S fluminense, que mira um suposto mecanismo de tráfico de influência entre alguns dos principais escritórios de advocacia do país.

Em entrevista à CNN, neste domingo (20), Cristiano Zanin negou todas as implicações da denúncia e disse que, como crítico da Operação Lava Jato, é alvo de uma tentativa de intimidação.

“Nós fomos ao STF mostrando que este juiz do Rio de Janeiro [Marcelo Bretas] não tem competência para fazer esta investigação. Na verdade, ele está usando este processo para tentar enfraquecer algumas pessoas específicas, em particular, a mim, porque sempre apontei as ilegalidades da Lava Jato, não só aqui no Brasil, como no Comitê de Direitos Humanos na ONU. É uma tentativa de atacar minha reputação”.

Sobre possíveis ilegalidades no escritório pelo qual atua, Zanin destaca que tem 20 anos de exercício em uma empresa de 50 anos de atuação na advocacia, com “um sistema rígido de controle interno”.

“Atuamos com absoluto profissionalismo dentro da ética, seguindo padrões internacionais de controle. (…) Está tudo registrado no nosso sistema, inclusive, passamos por auditoria externa, que já atestou absoluta regularidade de toda a prestação de serviços”.

O advogado afirma que o escritório poderia ter apresentado a documentação, caso os investigadores tivessem requerido. “A operação foi feita sem que a Lava Jato solicitasse os documentos. Poderíamos ter apresentado todos os contratos, inclusive essa auditoria externa”, declarou.

A investigação

O Ministério Público Federal investiga advogados suspeitos de desviarem R$ 151 milhões da Fecomércio do Rio – a apuração partiu da colaboração premiada de Orlando Diniz, ex-presidente da entidade.

De acordo com as investigações, os valores foram desviados a partir de instituições que integram o Sistema S (Sesi, Senac, Sesc) entre 2012 e 2018 para pagar serviços de advocacia não prestados, como forma de mascarar a influência de Diniz no Tribunal de Contas da União e no Superior Tribunal de Justiça. No total, Bretas tornou 26 advogados réus – entre eles Cristiano Zanin.

Bretas autorizou 51 mandados de busca e apreensão na ação, que colocou a Polícia Federal na porta de escritórios em seis estados, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Alagoas, Ceará e Pernambuco.

Entre os alvos além de Cristiano Zanin e do ex-defensor da família Bolsonaro, Frederick Wassef, está, por exemplo, a defesa que atua no processo de impeachment do governador afastado do Rio de Janeiro Wilson Witzel.

A operação abriu uma guerra entre advogados e Bretas. A CNN mostrou nesta semana que o STF ordenou que o magistrado carioca preste informações sobre a investigação, enquanto a Ordem dos Advogados do Brasil pediu a anulação da ação.

Na decisão do bloqueio de bens, tomada no dia 1º de setembro, Bretas aponta que o escritório de Zanin é o “precursor” no recebimento de “honorários advocatícios exorbitantes pagos pela Fecomércio/RJ em prol de interesses particulares de ORLANDO DINIZ”.

O magistrado afirma, ainda, que a prática teria sido “replicada pelos demais escritórios ora investigados, formando um verdadeiro grupo criminoso voltado supostamente para o cometimento dos delitos de peculato, corrupção ativa, tráfico de influência e exploração de prestígio, tudo sob o manto do exercício da advocacia”.
(CNN BRASIL).

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