Novo Ensino Médio traz desafio de implementação para redes de ensino e escolas em 2021

Com a aprovação da reforma do Ensino Médio em 2017, que promoveu mudanças na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), instituições de todo o país passaram a rever os conteúdos que seriam ensinados no último ciclo da educação básica. E agora, com a suspensão das aulas presenciais afetando o cronograma de ações na maioria das redes públicas e particulares de ensino, essa nova etapa da educação brasileira, apesar da grande relevância, ficou em segundo plano.

De acordo com o documento, as instituições de ensino deverão, a partir de março de 2022, mudar sua estrutura curricular. Ao invés de os alunos do ensino médio terem um currículo com disciplinas fixas em três anos, a reforma prevê que eles passem a ter uma parte do currículo fixa, uma Formação Geral Básica – para todos os alunos -, e se aprofundem em uma área de conhecimento desejada por meio dos itinerários formativos.

A mudança é vista como promissora para a educação brasileira, que teve nos últimos 30 anos dados sobre atraso e evasão escolar, baixo nível de aprendizado, desmotivação e desinteresse dos estudantes muito negativos. “Os anseios desses alunos estão a cada ano em maior descompasso com um Ensino Médio que não considera a necessidade de trazer significado para todos os conhecimentos, o protagonismo, a responsabilidade, os projetos de vida e as decisões dos próprios alunos”, explica André Freitas, gerente de projetos pedagógicos do Sistema de Ensino pH.

Freitas diz que um dos principais desafios que as redes de ensino terão é distribuir os objetos do conhecimento – aqui entendidos como conteúdos, conceitos e processos – em áreas do conhecimento, para cumprir com as determinações da BNCC. “Cada competência prevista na BNCC não está necessariamente ligada a alguma disciplina específica. Por isso, caberá às redes de ensino e às escolas pensarem como cada disciplina pode desenvolver ao máximo as habilidades requeridas no documento”, comenta.

A maneira como os arranjos curriculares a partir dos itinerários formativos serão feitos também é um ponto de atenção. Para ele, temas como escravidão, história do Brasil, ecologia e interpretação de texto ganharão ainda mais destaque na Formação Geral Básica, já que são temas mais atuais e presentes na vida dos estudantes brasileiros. Os itinerários formativos, por sua vez, ficarão responsáveis por ampliar as aprendizagens de uma determinada área do conhecimento do jovem, partindo de conteúdos que dialoguem com a sua realidade.

Outra questão importante que a reforma traz para o debate será a responsabilidade do estudante na escolha de parte do seu currículo segmento. Para que seja feita de forma correta, escolas deverão traçar estratégias para orientação vocacional e profissional, autoconhecimento, formação para convivência ética, cidadania, organização para alcance de metas, autoconfiança e resiliência.

“Além dos itinerários formativos, o projeto de vida é uma das mudanças mais expressivas para esse ensino médio. Os jovens agora poderão exercer seus pontos de vista sobre a maneira como a escola vai contribuir no seu aprendizado, num movimento que beneficiará os dois lados”, finaliza.

Em todo o país, pelo menos 16 estados estão em processo de implementação do novo currículo, com apenas o estado de São Paulo oficializando essa mudança até agora. Mesmo com os projetos prontos, a participação de estudantes, comunidade escolar e especialistas em educação ainda é esperada para acontecer.

Já na rede privada, o Sistema de Ensino pH é um dos pioneiros a já terem o material em produção. A previsão é de que o currículo seja implementado progressivamente aos alunos do primeiro ano do ensino médio em 2021. Na sequência, em 2022, para os estudantes do segundo ano, e em seguida, para o terceiro ano, em 2023.

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