Em tempos de pandemia, é melhor ir de bike

Diante da necessidade do distanciamento social entre as pessoa e num momento em que o uso do transporte público se tornou um problema nas grandes cidades, novas realidades impostas pela Covid-19, a bicicleta passa a ser uma opção a mais das pessoas como meio de locomoção, e não apenas para o lazer ou atividade física. Por isso, entre as ações de curto prazo da Prefeitura para enfrentar os efeitos do novo coronavírus está o incentivo ao uso da bike, notícia comemorada às vésperas do Dia do Ciclista, nesta quarta (19).

A possibilidade de substituir o transporte público coletivo pelo uso da bicicleta em tempos de pandemia é totalmente recomendada pela infectologista da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) Adielma Nizarala. Segundo ela, os riscos de contaminação reduzem bastante por se tratar de um meio de transporte de uso individual.

“Não há dúvidas de que a bicicleta é um excelente meio de transporte, em especial nesse momento em que qualquer meio fechado representa um risco muito maior por ter aglomeração de pessoas e grande contato físico”, explica.

Adielma completa que, além de ser mais favorável para evitar o contágio do coronavírus, a prática possibilita grandes benefícios à saúde física e mental. “É uma atividade aeróbica, fortalece a musculatura e desenvolve o equilíbrio”, ressalta. Claro, os ciclistas devem estar atentos para o uso da máscara e dos equipamentos de segurança para evitar contaminação e acidentes.

Dia de folga – Uma das iniciativas da Prefeitura para estimular o uso da bike é a premiação com folgas aos servidores que se deslocam para o trabalho de bicicleta. A medida, iniciada pela Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis), se entendeu a todas as pastas da gestão pública.

Amante do ciclismo, o encarregado de pessoal da Secis Eleandro Pereira, 61 anos, não abre mão da bike para chegar ao trabalho. De segunda a sexta-feira, ele sai do final de linha do Pernambués, onde mora, e percorre 6km até o Parque da Cidade, no Itaigara, onde trabalha.

“Chegava atrasado. Resolvi optar pela bicicleta e nunca mais peguei ônibus. Uso a bike para tudo, inclusive no próprio trabalho, monitorando as equipes que circulam no Parque da Cidade”, diz ele, reforçando que quantidade de ciclovias espalhadas pela cidade facilita o deslocamento. “Gastava muito tempo de ônibus. Com a bike, são 25 minutinhos. Uma maravilha!”, acrescenta.

O coordenador do Bike Mania, Salvador Júnior, também não abre mão da bicicleta como meio de transporte. “Estimula a prática de uma vida saudável entre as pessoas e protege o meio ambiente”, afirma. Sobre a estrutura de ciclovias disponível na cidade, ele destaca o empenho do poder público. “O projeto de ampliação dessa malha é fundamental para o deslocamento das pessoas porque, além da segurança de acesso nas vias, promove saúde, mobilidade e socialização da comunidade”.

Empréstimo – Outra ação que merece destaque é o sistema de compartilhamento de bicicletas do Bike Salvador. A iniciativa é coordenada pela Prefeitura, por meio do Movimento Salvador Vai de Bike, vinculado à Empresa Salvador Turismo (Saltur). O patrocínio é do Itaú Unibanco e o gerenciamento dos equipamentos é feito pela Tembici. Atualmente, são 50 estações e 400 bicicletas, com 710 vagas disponíveis em todo sistema.

Na lista das novidades está a implantação do projeto Bike Comunidade em dez localidades distintas da capital baiana. A medida envolve a criação de espaços de referência para oficinas e atividades relacionadas ao meio de transporte e a disponibilização e manutenção de 20 bicicletas em cada um dos locais.

Ampliação da rede – Outra ação importante da Prefeitura é a ampliação das vias reservadas a ciclistas em mais 35km até o fim deste ano. Com isso, a cidade terá 316,8km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas no total. Dos 281,8km atuais, 221,2 foram implantados pelo município desde 2013.

Essa expansão da rede cicloviária vai envolver, por exemplo, novas ligações entre a Rua Oscar Pontes e a Avenida Jequitaia; a Via Regional e Avenida São Marcos; a Rua Carlos Gomes e a Estação da Lapa; a Rua Cônego Pereira e a Rua J. J. Seabra; e a Avenida Tamburugy a Patamares. Também será contemplada a Rua Marquês de Monte Santo, o Acesso Norte, o Vale do Canela, a Avenida Tancredo Neves e a Estação Mussurunga.

Haverá, ainda, a implantação de ciclofaixas provisórias, a exemplo da ligação entre a rótula de Paripe e o Terminal Avenida Almirante Tamandaré (1,2km), e daquela que unirá o Corredor da Vitória e a Praça Castro Alves (1,7km).

De acordo com o superintendente da Transalvador, Fabrizzio Muller, a Prefeitura tem investido cada vez mais no uso das bicicletas como uma possibilidade de desafogar o trânsito. Além disso, será um sistema necessário para estimular o distanciamento entre as pessoas durante e pós-pandemia.

“O investimento numa rede cicloviária ampla é tendência no mundo todo e Salvador possui condições favoráveis a esse tipo de modal. Já estamos investindo nisso ao longo dos últimos anos, tanto para promover a melhoria na mobilidade da cidade, quanto por ser um modelo de transporte sustentável. Agora, nesse momento de em que a distância social se faz necessária, temos aumentado ainda mais as nossas iniciativas”, frisou.

Serão implantados, ainda, mil paraciclos em bares, restaurantes e locais de comércio. Vinte entidades de catadores da cidade serão incentivados a realizar coleta seletiva de matéria-prima reciclável por meio de triciclos adaptados para carregar entre 150 e 200 quilos.

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