Cinco PMs são presos em operação do MPRJ contra a milícia que atua na Zona Oeste do Rio

Cinco policiais militares da ativa foram presos nesta quinta-feira (30) em uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), contra a milícia que atua na Zona Oeste da cidade. Um deles estava de plantão no Palácio Guanabara, sede do governo do estado.

Até as 14h, 8 pessoas tinham sido presas na operação Gogue Magogue – que na Bíblia representam os inimigos do povo de Deus. Entre os presos, estão os dois policiais ( 2º sargentos) apontados pelo MP como chefes da organização criminosa. O subtenente Francisco Santos de Melo ainda era procurado.

A última prisão foi a do 2º sargento Marcos Paulo Custódio Alves. Ele estava cedido para atuar em operações de barreira fiscal, mas como não havia nada em andamento, ele foi preso no Palácio Guanabara pela própria Corregedoria da PM.

As investigações do MP apontam a cobrança de taxas extorsivas dos mototaxistas para permitir que eles circulem livremente pela região de Jacarepaguá, da Barra da Tijuca e do Recreio dos Bandeirantes, bairros da Zona Oeste.

Milicianos avisavam sobre operações da polícia e ajudavam aliados a escapar de flagrantes, mostram escutas
Além dos policiais, uma mulher foi presa em flagrante por porte ilegal de arma. Ela tinha sido denunciada, mas não estava com prisão decretada. Outros 2 homens, que não tinham nada a ver com a investigação, foram presos porque estavam com drogas e dinheiro.

Os policiais presos serão levados para a Corregedoria da PM e de lá seguirão para o Batalhão Especial Prisional.

Segundo os promotores, o grupo é responsável por vários crimes na comunidade Asa Branca, entre eles, exploração e comercialização de sinais clandestinos de televisão a cabo – prática conhecida como “gatonet” -, venda de cigarros ilegais e exploração ilícita de pontos de mototáxi.

Mandados
A operação foi deflagrada para cumprir 6 mandados de prisão e 23 de busca e apreensão contra 14 policiais militares e 8 civis pela prática dos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva e concussão – quando um agente público exige vantagem indevida.

O chefe da milícia é o 2º sargento, Jorge Henrique da Silva, conhecido como “Dô”, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP.

Seu braço-direito, considerado o “02” da organização criminosa, é o também sargento da Polícia Militar Adelmo da Silva Guerini Fernandes, que mora em um condomínio na Taquara.

Os mandados de prisão foram expedidos contra os seguintes policiais da ativa – ou seja, que estão atuando na corporação:

Jorge Henrique da Silva (vulgo “Dô”, 2º sargento, lotado no 22º BPM) – preso
Adelmo da Silva Guerini Fernandes (também 2º sargento, mas no 21º BPM) – preso
Nielsen da Silva Barbosa (3º sargento) – preso
Leonardo de Oliveira Pelussi (cabo) – preso
Marcos Paulo Custódio Alves (2º sargento) – preso
Francisco Santos de Melo (subtenente) – procurado

Como se dava a extorsão

Para ter controle da exploração dos mototaxistas, os investigadores dizem que existe um esquema de pagamento de propina a policiais militares de dois batalhões – 18º BPM, em Jacarepaguá, e 31º BPM, no Recreio dos Bandeirantes – para que o grupo tenha acesso a informações privilegiadas sobre blitzes e operações policiais.

Quando abordados pela polícia, os mototaxistas fazem contato com membros da milícia e são liberados. Não raro, os próprios policiais militares presentes na operação assumem a ligação para confirmarem diretamente com o comparsa se o mototaxista detido é, de fato, parceiro do grupo criminoso”, dizem os promotores.

A denúncia apresentada pelo MPRJ aponta ainda a existência de indícios da prática de invasão de propriedade, grilagem de terras, exploração sexual de menores e lesões corporais contra integrantes da própria organização criminosa que cometessem erros ou desobedecessem a ordens de superiores.

Nota da PM
A Polícia Militar encaminhou uma nota informando que “não compactua com quaisquer desvios de conduta por parte de seus integrantes”.

Categorias: Destaque

Comentários estão fechados