“Se existe a premiação é porque existe uma luta” diz homenageada com o Prêmio Maria Felipa

Profissional competente e comprometida com a corporação. Assim, o Guarda Civil Municipal e professor, Helivânio Maciel começou sua descrição sobre sua colega de farda, Iranildes Amado, a Inspetora Amado (GCM em Lauro de Freitas), uma das 12 mulheres negras homenageadas com o Prêmio Maria Felipa.

A luta da Inspetora Amado em prol dos mais necessitados foi o principal requisito para sua indicação ao prêmio. Sempre comprometida com o social, Amado é uma das fundadora do projeto Mamãe Noel Azul, que presta assistência às famílias em vulnerabilidade socil em Lauro de Freitas. “Ela sabe se impor como profissional e sai em defesa das mulheres.Não tem tempo ruim para ela. A Inspetora se tornou uma referência na corporação”, justificou Maciel.

Para Alysson Carvalho, gerente de Desenvolvimento Humano da Guarda Municipal de Salvador, a mulher negra ainda encontra muita resistência no mercado de trabalho, principalmente quando se trata do setor de segunrança pública. “A mulher negra precisa ser mais respeitada, ser valorizada, pois são guerreiras e simbolo de resistencia”, pontuou.

Liderando o Grupamento de Operações com Cães, a psicóloga e Guarda Civil Municipal, Carolina Batista, vem fazendo a diferença na corporação, pois com seu olhar mais humanizado e voltado para o social, a GCM Carolina tem exercido papel fundamental na aproximação da corporação com o público. Sua dedicação e determinação fez com que o gerente Alysson a indicasse ao prêmio Maria Felipa.

“A Sensibilidade da mulher e o seu lado materno ajuda muito na solução de conflitos e tenho certeza que outras mulheres se sentem representadas, diante do desempenho de Carolina. O prêmio é uma forma de encorajá-la a continuar nessa luta diária de transformação da sociedade”, destacou.

Graduada em Psicologia e atenta às demandas das mulheres negras, Juliana Galvão encontrou na psicoterapia um instrumento para ajudar outras mulheres a se fortalecerem e conquistarem espaço e respeito na sociedade. “Apesar da luta, da resistência, a mulher negra ainda é vista sem credibilidade”, desabafou.

Para Juliana Galvão, o caminho para a mudança, para a valorização da mulher negra é a educação. Em relação ao premio, Galvão acredita que também é uma forma de demonstrar que apesar da luta, ainda tem muito o que avançar. “Se existe a premiação é porque existe uma luta e essa luta é porque algo de errado ainda está acontecendo”, alertou. Juliana acrescentou ainda que ao mesmo tempo que a premiação é positiva, também é uma forma de denunciar que algo está errado e que precisa ser corrigido. “O prêmio é uma forma de fortalcer as mulheres e mostrar outras possibilidades”, finalizou.

A premiação:

Criado há 10 anos pela então vereadora Vânia Galvão, o Prêmio Maria Felipa também já esteve a cargo da ex-vereadora e ex-deputada Tia Eron (PRB). O objetivo é reconhecer a atuação de mulheres negras em prol da autoafirmação, da luta por espaços e contra a discriminação racial. Neste ano, foi realizado no Teatro Jorge Amado, na Pituba, sem a presença do público e seguindo todos os protocolos recomendados pelas autoridades sanitárias.

Confira a lista com as 12 premiadas:

Ana Amélia (médica oncologista), Ashley Malia (jornalista), Flávia Barreto (major da PM, Ronda Maria da Penha), Carolina Santana (guarda municipal), Juliana Galvão (psicóloga), Luana Assis (jornalista), Noemia Araújo (liderança comunitária), Charlene da Silva Borges (defensora pública federal), Jeane Cordeiro de Oliveira (empresária), inspetora Amado (Guarda Municipal), Carol Barreto (estilista), Maria das Graças (marisqueira) e Ana Teles (empreendedora).

Sobre Maria Felipa:

Maria Felipa de Oliveira foi uma marisqueira e pescadora que viveu na Ilha de Itaparica. Assim como Joana Angélica e Maria Quitéria, ela lutou pela Independência da Bahia. Em 1823, liderou um grupo composto por mais de 200 pessoas, entre as quais estavam índios tupinambás e tapuias, além de outras mulheres negras, nas batalhas contra as tropas portuguesas que atacavam a Ilha. Conta-se que o grupo foi responsável pela queima de pelo menos 40 embarcações portuguesas.

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