Prefeitura não descarta novas medidas em bairros que já passaram por restrições

Os bairros de Salvador que já passaram por restrições e medidas mais rígidas no combate ao novo coronavírus, podem sofrer novos fechamentos. O motivo é o aumento no número de casos e o descumprimento nas orientações de distanciamento e funcionamento do comércio local.

Durante entrevista online, na manhã deste sábado (13), o prefeito de Salvador, ACM Neto, disse que a prefeitura vem estudando todos os casos. Ele usou como exemplo a Avenida Joana Angélica, no bairro de Nazaré, no centro da capital. O local já passou por medidas de restrições, mas nos últimos dias chamou a atenção pela aglomeração formada pelo comércio informal.

De acordo com a ACM Neto, as medidas de restrições podem ser inseridas de maneira diferente de acordo com a análise feita em cada bairro.

“Dei o exemplo da Avenida Joana Angélica. Não podemos permitir o descontrole de feirantes e ambulantes. Recebi muitas fotos e vídeos de aglomerações. Entramos em contato e espero que na segunda-feira eles comecem organizados, como a gente viu acontecer na Lima e Silva e na Feira do Japão, na Liberdade, sob pena de a prefeitura novamente determinar o fechamento”, explicou ACM Neto.

“Mas aí vamos refinar o fechamento. Em alguns bairros posso determinar o fechamento do comercio informal e permitir o formal, ou vice versa. Daí a importância de cada um fazer a sua parte”, continuou ele.

Outros dois casos de bairros que podem passar por novas restrições são Brotas e a Pituba. Mesmo após ter o fechamento do comércio determinado, as duas regiões vêm apresentado crescimento no número de casos da doença.

Brotas, por exemplo, viu o total de casos pular de 373 para 509 em uma semana e é o bairro com o maior número de infectados pela covid-19 em Salvador.

Nesta segunda-feira (15), vencem os decretos que versam sobre os fechamentos de comércios, escolas e serviços não essenciais, e outras restrições. Por isso, uma entrevista está programada na qual ACM Neto vai divulgar novas medidas.

Atualmente, nove bairros estão sob medidas restritivas estabelecidas pela prefeitura. São eles: Periperi, Paripe, Sussuarana, Nova Sussuarana, Beiru/Tancredo Neves, Fazenda Grande do Retiro, Itapuã e São Caetano, além de São Marcos que teve o decreto prorrogado por mais sete dias na última sexta-feira (12).

“Com a entrada que fizemos em Nova Sussuarana conseguimos abraçar os bairros com situação mais crítica. Não dá para ficar em todos os lugares ao mesmo tempo, mas temos hoje nove equipes atuando de forma simultânea em Salvador. Ontem (sexta-feira, 12) a taxa se crescimento medida da doença foi de 3,9%. É a primeira vez que conseguimos descer da casa de 4%. A nossa taxa de letalidade também é de 3,9%, muito abaixo do restante do Brasil”, explicou o prefeito.

Além da possibilidade de intervenção nos bairros, ACM Neto fez um balanço das ações da prefeitura de Salvador nos três meses de pandemia. De acordo com dados do município, a cidade já investiu cerca de R$ 192 milhões no combate da doença. A maior parte do recurso saiu do próprio município.

Até o momento, 103 novos leitos para o coronavírus foram criados na capital baiana. Outros 221 estão em implantação, o que totalizará 545 novos espaços para tratar a doença. Nesta semana, está previsto o início da parceria com o Hospital Salvador, localizado no bairro da Federação, que disponibilizará 80 leitos entre clínicos e UTI. Há expectativa ainda da inauguração da segunda ala do hospital de campanha montado no Wet’n Wild e ampliação do serviço na Fonte Nova.

Além disso, foram criadas nove unidades da Saúde da Família, três salas de estabilização de pacientes graves (Paramana, Bom Jesus dos passos e Ilha de Maré), dois laboratórios para ampliar a testagem, e adquiridos três milhões de Epis, 205 mil testes para a covid-19 e 20 ambulâncias para o Samu. Outros seis gripários voltados apenas para atender pacientes síndrome respiratória aguda está em implantação.

“O foco é a defesa e proteção da vida. Tudo que a gente desenvolveu, todos os eixos, estavam conectados a isso, objetivo de salvar o maior número de pessoas possível na nossa capital”, disse o prefeito ACM Neto.

No campo social, 200 mil cestas básicas foram distribuídas para estudantes, pessoas carentes, mães de crianças com microcefalia e outras deficiências, pessoas abrigadas, autônomos e outras atividades.

Outros 37 mil trabalhadores autônomos também foram beneficiados com o pagamento de R$ 270 mensais de auxílio do programa Salvador por Todos. O prefeito disse, inclusive, que vai encaminhar para a câmara projeto de lei que pede a prorrogação do benefício.

“Nós tomamos a decisão na hora certa de suspender outras despesas, observar o que era especial e concentrar o foco dos investimentos no que era essencial. Fizemos cortes, eu cortei o meu salário e o do vice-prefeito. Lamento que isso não tenha se tornado um movimento no Brasil de corte de salário de políticos, afinal de contas, além do impacto da economia tem um efeito pedagógico”, disse.

Ações foram realizadas também com moradores de rua, como a distribuição de quentinhas, a instalação de pias com ácool em gel e sabão e uma lavanderia industrial móvel.

A prefeitura de Salvador tem programada outras ações para os próximos dias. A Estação da Lapa, por exemplo, vai ganhar uma câmera de medição de temperatura.

“Recebemos câmaras de medição de temperatura e a primeira delas vai ser implantada na próxima semana na Estação da Lapa. As pessoas que forem passar pela estação da lapa vão ter a temperatura medida à distância e quem estiver com a temperatura elevada nós vamos dar toda a orientação para o teste rápido. Em caso de positivo, vamos orientar para o tratamento”, explica.

Já os bancos podem sofrer punições por conta das aglomerações formadas nas agências. ACM Neto disse que as instituições precisam organizar as filas do lado de fora e lembrou do trabalho que foi feito na Caixa Econômica.

“Vou engrossar as medidas de restrição nos bancos particulares. Os bancos particulares não estão organizando corretamente as filas. Fizamos na Caixa Econômica, apesar de não ser um banco do municipio, mas é público. Mas no bancos particulares vamos fazer algumas medidas. Espero não chegar no nivel de fechar as agencias, mas se precisar vamos fazer”, disse ele. (Correio*)

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