Festa junina, passeio de caiaque, viagem com amigas: brasileiras na Nova Zelândia comemoram o fim da quarentena

Os neozelandeses irão aproveitar o primeiro fim de semana depois do fim da rígida quarentena imposta por causa da pandemia de Covid-19. Após 75 dias de restrições, não é mais preciso evitar aglomerações e os eventos sociais estão liberados. Três brasileiras que moram no país do Pacífico Sul contaram que vão fazer festa junina, retomar passeio de caiaque e comemorar aniversário com amigos.

“Eu reuni vários amigos brasileiros para fazer uma festa junina com tudo o que tinha direito: pinhão, arroz doce, bolo de milho, vinho quente. A minha banda também tocou. Fazia uns três meses que a gente não se via”, afirma a farmacêutica Maya Hasegawa, de 41 anos, que está há três anos no país.
A moradora da cidade de Hamilton, na ilha norte, elogiou a condução do combate à pandemia feito pela primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern.

“Temos uma grande líder, uma comunicadora nata, que conseguia unificar as pessoas, até a oposição, independente da origem, para dar um jeito nesse vírus o quanto antes. Com certeza, estou no melhor país que eu poderia estar nesse momento. Nunca me senti tão segura e tão acolhida. Eles cuidaram da gente”, disse.

Enquanto Brasil, Reino Unido e Estados Unidos ainda enfrentam dificuldades com o novo coronavírus, Jacinda Ardern afirmou que o país pode retomar a vida normal.

O país do Pacífico Sul interrompeu a transmissão do novo coronavírus, o que ficou evidenciado após 17 dias sem novos registros de infectados e o último caso conhecido de infecção ter recebido alta. As autoridades realizaram em torno de 300 mil testes em todo o país de 5 milhões de habitantes.

Jacinda elogiou a atitude dos cidadãos que “se uniram de maneira sem precedentes” para combater o vírus, que infectou 1,5 mil no país e provocou 22 mortes. (Para efeito de comparação, a Irlanda, outra nação insular com população semelhante, registou mais de 25 mil casos e mais de 1,6 mil mortes.)

O governo implementou uma série de medidas rígidas rapidamente, mas adotou iniciativas para reduzir o impacto do confinamento: enviou tablets para as crianças que não dispunham de um computador só para ela estudarem, lançou vários programas de ajuda para famílias carentes, desempregados, pessoas que não podiam trabalhar e empresas – muitas delas ligadas ao turismo, que sofre com o fechamento das fronteiras. (Veja mais detalhes abaixo)

Maya atua na análise de segurança de alimentos, área considerada essencial, e continuou indo para o laboratório durante todo o período em que vigorou as medidas de confinamento. Ela conta que não foi fácil conciliar a rotina de casa com o marido, que está na fase final de um doutorado, e os filhos de 10, 8 e 4 anos sem escolas. A família ainda acolheu dois intercambistas, um japonês e um chinês, que foram despejados da casa onde estavam na véspera do decreto de lockdown.

A escola fornecia o conteúdo online e um programa uma estatística do desempenho do aluno. Semanalmente, as professoras davam um retorno dizendo quais eram os pontos que as crianças tinham que reforçar os estudos. Com a mãe trabalhando e o pai precisando se dedicar aos estudos, as crianças não tiveram o acompanhamento que ela julgava ideal.

“A gente sabe que, por mais inteligentes e bem-intencionados que alunos sejam, sem supervisão e ambiente de estudo fica difícil. Nós não fizemos milagre e ficamos nos achando os piores pais do mundo”, conta.

As crianças já voltaram para a escola cerca de um mês, porque o país tem saído do confinamento aos poucos. O marco do anúncio de Ardern é a possibilidade de voltar a fazer eventos sem limite de participantes e a reabertura sem restrições do comércio.

“A quarentena foi muito difícil, mas a gente sobreviveu. Eu me sinto abençoada porque mantive meu emprego, ninguém ficou doente. Quando se analisa pelo lado humanitário e pela decisão do governo de não se deixar perder nenhuma vida em vão, é lógico que a gente vai dizer que a quarentena é válida”, diz a farmacêutica bioquímica. (G1)

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