Coronavírus: Brasil passa o Reino Unido e se torna segundo país com mais mortes por covid-19

O Brasil totalizou, nesta sexta-feira (12), 41.828 mortes por covid-19 desde a chegada do novo coronavírus. Com o número atual, o país superou os registros do Reino Unido (que teve até hoje 41.481 mortes) e se tornou o segundo com mais mortes pelo vírus em todo o mundo está atrás apenas dos Estados Unidos, que tem quase 114 mil óbitos.

Desde a chegada do novo coronavírus no Brasil, o país já registrou 828.810 casos de covid-19.

Somente nas últimas 24 horas, foram registradas 909 mortes e 25.982 novos casos do novo coronavírus. Os dados são do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) a entidade criou uma plataforma para registrar os dados sobre o coronavírus no país, após o Ministério da Saúde ter, na semana passada, decidido divulgar os números de forma menos completa.

Após a controvérsia causada pela mudança e uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assunto, a pasta recuou e voltou a divulgar os números completos no início da noite.

A taxa de letalidade do novo coronavírus no país é de 5,1%.

Os estados com mais mortes acumuladas no Brasil são: São Paulo (10.368), Rio de Janeiro (7.417), Ceará (4.663), Pará (4.132) e Pernambuco (3.694).

Mudanças e atraso na divulgação de dados
O painel covid-19, do governo, que costumava trazer diversos dados e gráficos sobre a doença, ficou fora do ar por algumas horas entre sexta-feira (5/6) e sábado. Quando voltou ao ar, trazia apenas os dados das últimas 24 horas, e não fazia referência ao total de mortes.

Diversos dados detalhados deixaram de ser exibidos.

Além disso, houve mudança nos horário de divulgação dos dados. Eles eram enviados à imprensa por volta das 19h. Na quarta-feira (3), foi enviada uma mensagem a jornalistas afirmando que, por “problemas técnicos”, as informações seriam enviadas “excepcionalmente” às 22h.

No dia seguinte, quinta-feira, os dados só chegaram às 22h, mas desta vez sem qualquer justificativa quanto ao horário.

Nesta sexta-feira (5), o ministério enviou uma mensagem informando que os números sairiam às 22h, argumentando que os “dados de casos e óbitos são informados pelas secretarias estaduais e municipais de saúde”, que são então analisados e consolidados pela pasta e em alguns casos precisam “de checagem junto aos gestores locais”.

Em entrevista à noite, perguntado sobre alterações no horário de divulgação, Bolsonaro brincou com o horário do Jornal Nacional, da TV Globo, normalmente exibido por volta de 20h30.

“Acabou matéria no Jornal Nacional?”, disse, rindo.

“Mas é para pegar o dado mais consolidado, e tem que divulgar os mortos no dia. Por exemplo, ontem, praticamente dois terços dos mortos eram de dias anteriores, os mais variados possíveis. Tem que divulgar o do dia. O resto consolida para trás. Se quiser fazer um programa do Fantástico todinho sobre mortos nas últimas semanas, tudo bem.”

Também houve alteração no tipo de dado informado à imprensa. Nesta sexta-feira, o boletim não trouxe mais números totais de mortes e casos de covid-19 apenas dados para as últimas 24 horas. Assim, veículos como a BBC News Brasil estão fazendo cálculos manualmente, com base em informações dispersas ao longo dos dias.

Governo quer recontar dados, diz ex-futuro secretário

O empresário Carlos Wizard, que assumiria o posto de secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, mas desistiu da empreitada em 7/6, disse ao jornal O Globo em 5/6 que o ministério deve recontar o número de mortes causadas pelo novo coronavírus.

Ele disse, sem apresentar provas, que gestores locais estão inflando os dados para obter mais recursos.

“Tinha muita gente morrendo por outras causas e os gestores públicos, puramente por interesse de ter um orçamento maior nos seus municípios, nos seus estados, colocavam todo mundo como covid. Estamos revendo esses óbitos”, disse Wizard.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) negou as acusações.

“Ao afirmar que Secretários de Saúde falseiam dados sobre óbitos decorrentes da Covid-19 em busca de mais ‘orçamento’, o secretário, além de revelar sua profunda ignorância sobre o tema, insulta a memória de todas aquelas vítimas indefesas desta terrível pandemia e suas famílias”, diz nota publicada em seu site.

Piora dramática no último mês
No intervalo de apenas um mês, o Brasil multiplicou por cinco o seu total de mortes por covid-19, em mais uma marca dramática atingida pela pandemia no país. Na terça-feira (2), o país passou a marca de 30 mil óbitos. Em 2 de maio, o relatório diário da Organização da Saúde (OMS) mostrava que o Brasil tinha 5,9 mil mortes pela doença.

Outra marca trágica atingida pelo país na quinta-feira (4) foi ter passado a Itália e ter se tornado o terceiro país no mundo com mais mortos pela covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos e Reino Unido. Em número de casos, o Brasil está em segundo lugar, atrás dos EUA, como mostra um painel global da universidade Johns Hopkins.

No momento em que muitos Estados e municípios brasileiros já discutem e implementam medidas de flexibilização da quarentena, os dados globais da universidade mostram que a curva de contágio do Brasil continua ascendente, diferentemente de outros países europeus e asiáticos em processo de flexibilização, cujos dados parecem indicar, no momento, uma estabilização no número de casos.

Pandemia
O primeiro registro do coronavírus no Brasil foi em 24 de fevereiro. Um empresário de 61 anos, que mora em São Paulo (SP), foi infectado após retornar de uma viagem, entre 9 e 21 de fevereiro, à região italiana da Lombardia, a mais afetada do país europeu que tem mais casos fora da China.

O novo coronavírus, que teve seus primeiros casos confirmados vindos da China no final de 2019, é tratado como pandemia pela OMS desde 11 de março.

As taxas de mortalidade pelo coronavírus têm variado consideravelmente de país para país, também segundo a Johns Hopkins. Enquanto locais como Bélgica, Reino Unido e Itália têm entre 14% e 16% de mortos entre os infectados, essa taxa tem sido de cerca de 6% em países como EUA e Brasil.

Estudos apontam que a grande maioria dos casos do novo coronavírus apresenta sintomas leves e pode ser tratado nos postos de saúde ou em casa. Mas, entre aqueles que são hospitalizados, o tempo de internação gira em torno de três semanas, o que gera um impacto sobre os sistemas de saúde, de acordo com a pasta, já que os leitos de unidades de tratamento intensivo (UTI) ficam ocupados por um longo tempo, gerando uma crise de escassez de leitos em diversos Estados e municípios brasileiros.(EM)

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