Contra a covid-19, Porto de Salvador recebe protocolo utilizado em guerras

O inimigo está no ar. Por isso, o Porto de Salvador, na Cidade Baixa, passou nesta segunda-feira (8) por uma descontaminação para o coronavírus – o procedimento é similar aos feitos em situações de guerra. Pela manhã, o serviço foi feito por um grupo de militares especializados em defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR), ligados ao Comando Conjunto Bahia – Marinha, Exército e Força Aérea.

O grupo é capacitado para resposta imediata a uma ameaça, incidente/acidente ou desastre envolvendo agente nuclear, biológico, químico e radiológico. “Estamos numa guerra contra um inimigo invisível. A ação de hoje é preventiva, mas é a mesma usada numa situação de guerra, no caso do uso proposital de um agente biológico”, declarou o capitão tenente da Marinha do Brasil, Cyro Lima, responsável pela ação de descontaminação do Porto de Salvador, administrado pela Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba).

Com trajes específicos para ações NBQR, 15 militares começaram o trabalho de descontaminação por volta das 10h. Usando um macacão branco impermeável, com luvas e botas de plástico e máscaras de longa duração, eles iniciam com a pulverização em salas, corredores, escadarias e outros pontos de concentração de pessoas.

A descontaminação aconteceu em cinco locais do porto: no prédio da administração da Codeba, nos portões de acesso 1, 2 e 3 e em um alojamento. “Esses locais foram escolhidos devido ao fluxo maior de pessoas. Para isso, foi necessária a liberação delas”, disse Cyro Lima. Segundo a Codeba, como a ação foi planejada, foi feita uma organização para interditar as áreas no momento da desinfecção de modo a não afetar os serviços.

A área destinada para receber cruzeiros marítimos nacionais e internacionais passará pelos mesmos processos, mas não agora. “Como as atividades lá estão suspensas já tem algum tempo, não há necessidade de urgência, mas acredito que, antes de normalizar, faremos a descontaminação lá também”, declarou Lima.

“Cada agente específico em um tipo de descontaminação. No caso do novo coronavírus, a pulverização é mais agressiva por conta do vapor de cloro que fica mais concentrado e que consegue abranger mais o alvo. Será feita também a higienização de maçanetas e corrimãos com o uso do álcool”, explicou Lima.

No local, onde circulam cerca de mil pessoas por dia, há dois casos confirmados de covid-19 – um funcionário da própria Codeba e um de uma empresa terceirizada. Também há dois casos suspeitos, de um colaborador e um estagiário, ambos também da Codeba.

O Porto de Salvador é conhecido pelo seu potencial exportador de produtos e suas atividades de movimentação de contêineres e cargas gerais, além de receber cruzeiros marítimos nacionais e internacionais. É um dos maiores exportadores de frutas do Brasil, com expressiva participação no comércio exterior.

Esta não é a primeira vez que o grupo de militares especializados em defesa NBQR age na Bahia. “Essas ações que estão sendo empregadas hoje, foram também usadas de forma preventiva na Copa do Mundo (2014) e na Copa das Confederações (2013)”, complementou Lima.

A ação foi realizada pelo Comando Conjunto Bahia – formado pela Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira –, que visa apoiar as ações de saúde e segurança pública contra a covid-19. Além do Porto de Salvador, a descontaminação será realizada no Porto de Aratu nesta quarta-feira (10). De grande importância para a atividade econômica do estado da Bahia, o Porto de Aratu dá suporte à importação e exportação de produtos em sua estrutura composta por quatro terminais.

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