Advogado que foi a encontro de suposto vazamento da PF é investigado por rachadinha

Na revelação do empresário Paulo Marinho apareceu um novo personagem. O advogado escolhido para ir ao encontro com o delegado federal que vazou a operação Furna da Onça é investigado no esquema das rachadinhas. O nome dele aparece no mesmo relatório de inteligência que aponta movimentações suspeitas do gabinete de Flávio Bolsonaro.

Na entrevista do empresário Paulo Marinho, surge um nome que circula nos bastidores da Assembleia Legislativa do Rio: o do advogado e assessor parlamentar Victor Granado Alves.

Paulo Marinho afirmou que, no dia 13 de dezembro de 2018, recebeu na casa dele Flávio Bolsonaro acompanhado por Victor Alves, advogado de confiança do senador.

Paulo Marinho contou ter ouvido de Flávio Bolsonaro que Victor Alves foi um dos que receberam de um delegado a informação antecipada sobre a Operação Furna da Onça na porta da Polícia Federal, uma semana depois do primeiro turno da eleição de 2018.

O Ministério Público Federal e os promotores de Justiça do Rio de Janeiro já conheciam Victor Alves de outras investigações. O advogado aparece no mesmo relatório do Coaf em que é citado o nome de Fabrício Queiroz, documento anexado ao processo da Furna da Onça.

Na época em que realizou transações bancárias suspeitas, Victor Granado Alves trabalhava no gabinete do ex-deputado Iranildo Campos, do Solidariedade.

Já em 2016, o Coaf relacionava o nome de Victor a movimentações suspeitas em benefício de terceiros. Foi identificado no gabinete de Iranildo um fluxo de dinheiro que, segundo fontes do Ministério Público, sinaliza a possível prática de rachadinha, ou seja, funcionários do gabinete que repassam parte dos salários para deputados,

Em 2017, Victor passou a trabalhar como assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. Victor Alves mudou de gabinete, mas a movimentação financeira dele continuou despertando suspeitas.

Atualmente, o advogado é investigado pelo Ministério Público do Rio no inquérito sobre as rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro. No dia 24 de abril de 2019, Victor Granado Alves teve o sigilo bancário quebrado por decisão do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio.

Mas a ligação pública do advogado com a família Bolsonaro é conhecida pelo menos desde maio de 2016. Naquela época, o então deputado federal Jair Bolsonaro contratou como advogados no Rio de Janeiro Victor Granado Alves e o sócio dele, Daniel Stolear Simões, assinando uma procuração.

Em 2019, Victor Alves passou a trabalhar na liderança do PSL na Assembleia Legislativa. O advogado recebia salário como assessor do partido ao mesmo tempo em que atuava como advogado particular do presidente da República e da família Bolsonaro, como comprova o recebimento de uma intimação em 2019.

A esposa de Victor, Mariana Teixeira Frassetto Granado, chegou a ser nomeada como secretária parlamentar no gabinete de Flávio no Senado, em janeiro de 2019. Um mês depois, no auge das polêmicas envolvendo o nome do senador, a nomeação foi cancelada. Hoje, ela não consta como assessora do gabinete, segundo o site da Transparência do Senado.

Victor Alves foi advogado também da empresa de Flávio Bolsonaro, a Bolsotini Chocolates, franquia da marca Kopenhagen no Shopping Via Parque, na Zona Oeste do Rio. A loja de chocolates é um ponto central na investigação das rachadinhas. Segundo o Ministério Público do Rio, a conta bancária da Bolsotini recebia depósitos em dinheiro vivo “de forma desproporcional ao seu faturamento”.

Os promotores afirmam que esses valores têm origem ilícita, comprovada pela coincidência dos depósitos em dinheiro no mesmo período em que Fabrício Queiroz arrecadava parte dos salários dos assessores da Alerj e tinha disponibilidade de papel moeda em quantia suficiente para efetuar os depósitos na conta da Bolsotini.

Além de ser o advogado da loja de Flávio Bolsonaro, Victor Granado Alves também atua no ramo de chocolates. Ele é sócio de uma outra loja no Centro do Rio e de mais uma em um shopping na Zona Norte da cidade. As duas são franquias da mesma marca escolhida pelo senador. A loja do centro da cidade foi comprada por Victor Alves em agosto ao ano passado.

Agora, os promotores querem saber se as lojas de chocolate podem ter sido usadas para a lavagem de dinheiro. Assim, Victor Granado Alves passa a ser uma figura importante em duas investigações: a rachadinha na Assembleia Legislativa e o vazamento na Polícia Federal.

O deputado Iranildo Campos disse que desconhece a prática de rachadinha no gabinete dele e está à disposição da Justiça. O advogado Victor Alves não foi encontrado, e o senador Flávio Bolsonaro não se pronunciou até agora. (G1)

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